Os integrantes da Orquestra 2 de Julho, principal formação do NEOJIBA, tiveram uma aula especial nesta quinta-feira, 2/4. De suas casas, em Salvador, eles ouviram os ensinamentos do violinista David Grimal, que nasceu e vive na França. Concertista internacional, Grimaldi é professor na Escola Superior de Música em Saarbrücken , na Alemanha, onde estuda o neojibense Luis Felipe Santana, de 18 anos.

Nesta semana, Grimal estaria na capital baiana ensinando e ensaiando com os músicos da Orquestra para um concerto em homenagem aos 250 anos de nascimento do compositor alemão Ludwig van Beethoven. A apresentação estava marcada para o próximo dia 9 de abril, no Teatro Castro Alves. 

A pandemia do coronavírus mudou os planos de todo o mundo. Mas graças ao NEOJIBA ONLINE, sistema de ensino a distância do Programa, o encontro pôde acontecer. Hoje, o violinista ministrou a primeira das três aulas que dará aos integrantes da Orquestra. Ele começou a conversa incentivando os integrantes a investirem mais ainda nos estudos neste período de quarentena.  "Para nós, músicos, essa é uma situação difícil de acreditar. A base do nosso trabalho é tocar com os outros e para os outros. Mas esse também é um momento de aprofundar conhecimentos e o amor pela música, por meio do trabalho individual. A gente precisa buscar no fundo do coração a força para ir mais longe". 

Em 2004, Grimal criou a orquestra Les Dissonances, que se apresenta sem maestro.  Ele contou que este "milagre" só é possível porque cada músico ensaia muito antes dos concertos. "Depois, quando nos reunimos, todos podem colaborar. Nós acreditamos nessa inteligência coletiva como uma opção à liderança de um maestro. Sempre que toco com eles, saio com mais amor e mais esperança. É um organismo transformador de cada um e de todos nós". 

A apresentação de Grimal com a Orquestra NEOJIBA no TCA também aconteceria assim, sem regente. A data será redefinida quando a situação se normalizar.

O ritmo e o homem

No concerto que aconteceria agora em abril, estavam previstas  três obras de Beethoven: a Abertura de Prometheus, balé composto em 1801, o Concerto para violino e orquestra em ré maior, de 1806, e a Sétima Sinfonia, de 1811-1812, chamada pelo compositor Richard Wagner de “A apoteose da dança”. 

Grimal defendeu que para tocar Beethoven uma orquestra  precisa ter enorme atenção ao ritmo, à articulação e saber olhar o homem. "Quando vejo um busto de Beethoven, ele não me parece colérico. Eu o vejo com muito humor, amor, calor. Por isso sua música é tão formidável. É próximo da gente, não é distante". 

Nomeado Cavalheiro das Artes pelo Ministério da Cultura da França, Grimal costuma se apresentar com as orquestras mais prestigiadas do mundo, como a Orquestra de Paris, a Filarmônica de Radio France, a Orquestra Nacional Russa, a Orquestra Nacional de Lyon, a Orquestra de Câmara da Europa, a Berliner Symphoniker, a New Japan Philharmonic, a Orquestra de Ópera de Lyon, o Mozarteum Orchestra de Salzburg, a Jerusalem Symphony Orchestra e a Sinfonia Varsovia. Desde 2008, ele é residente da Opéra de Dijon (França). 

Sobre o NEOJIBA

Criado em 2007, o NEOJIBA (Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia) promove o desenvolvimento e integração social de crianças, adolescentes e jovens, prioritariamente em situações de vulnerabilidade, por meio do ensino e da prática musical coletivos. O programa é mantido pelo Governo do Estado da Bahia, vinculado à Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social e gerido pelo Instituto de Desenvolvimento Social Pela Música.

Em 12 anos de atuação, o NEOJIBA atendeu, direta e indiretamente, cerca de 10 mil crianças e jovens entre 6 e 29 anos.  As apresentações das suas quatro formações orquestrais e dos seus núcleos de prática musical já foram vistas por mais de 830 mil pessoas no Brasil e no exterior.