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Pela primeira vez, NEOJIBA Conecta reuniu jovens músicos da África e da América Latina em Salvador

  • 31 jul, 2024

O mundo se encontra no NEOJIBA. Entre os dias 15 e 30 de julho, o IDSM (Instituto de Desenvolvimento pela Música), responsável pela gestão do programa, promoveu a primeira edição do NEOJIBA Conecta, reunindo de maneira inédita 30 jovens músicos da África e da América Latina em Salvador. A iniciativa promoveu uma grande troca cultural entre artistas do Sul Global, vindos de seis países: Angola, Moçambique, Chile, Colômbia, Peru e Equador. 

A ideia para o encontrou surgiu em fevereiro deste ano, no Chile, quando o NEOJIBA participava, como principal convidado, da Academia de Orquestras Latino-Americanas. Uma jovem musicista manifestou o desejo de conhecer o programa de perto e Ricardo Castro, diretor-geral do programa, assumiu o compromisso de realizar o intercâmbio. "Senti uma potência quando vi os jovens baianos reunidos com a meninada da América Latina. E fiquei ainda mais feliz quando consegui recursos para trazer para cá mais onze jovens da África. Espero que o NEOJIBA Conecta seja a semente de uma grande árvore, que inspire as pessoas a reunir essa juventude. A gente tem muito o que fazer junto", conta Castro. 

A experiência foi um sonho realizado para o violoncelista moçambicano Manuel Fabião Matsinhe. Ele integra o Xiquitsi, projeto criado pela oboísta e ministra da Cultura de Moçambique, Eldevina Materula, inspirado no NEOJIBA. "Lá sempre falaram muito sobre o NEOJIBA e eu sempre tive o sonho de vir conhecer, aprender. E aí surgiu o Conecta, que foi incrível. Pudemos conhecer novas pessoas, novas formas de pensar, de resolver as coisas. Esse intercâmbio cultural vai me ajudar a crescer tanto musicalmente quanto ser humano. Todo mundo tem que vir para o NEOJIBA". 

Metodologia inspiradora

Durante as duas semanas que estiveram em Salvador, os participantes do Conecta interagiram com os integrantes do NEOJIBA numa série de atividades, como oficinas, masterclasses, visitas aos núcleos do programa em Salvador e Região Metropolitana e apresentações públicas. 

A fagotista chilena Darlyn Navarro gostou muito de conhecer os núcleos e colocar em prática o maior lema do NEOJIBA, o  "aprende quem ensina". "Foi muito bonito ver a metodologia que os professores utilizam, como os meninos recebem toda essa informação, e fazer parte de todo o processo das aulas. Volto para o Chile com muitas ideias. Quero aplicar coisas que vi aqui e também investigar mais sobre  o meu país, utilizar mais música chilena nas minhas aulas, porque aqui trabalham com muita música brasileira. Foi super inspirador. Creio que em breve todo o mundo vai conhecer o NEOJIBA". 

Linguagem universal

A visita ao núcleo de Lauro de Freitas foi um dos momentos favoritos do violinista angolano Maciel Leandro, que integra o projeto Kaposoka. Ele também adorou participar dos Saraus do Sul Global, que aconteceram na área verde do Parque do Queimado. Foi uma oportunidade de mostrar ao público músicas tradicionais do seu país e de se aproximar ainda mais dos participantes do Conecta. "A princípio, pensei que a comunicação entre nós seria difícil, mas não. As pessoas que falam espanhol, eu consigo entender um pouco, eles conseguem entender um pouco o português, ou passamos pro inglês… Somos músicos, então conseguimos interagir muito bem uns com os outros". 

Para Ruth Campoverde, violista equatoriana, o Conecta foi uma experiência enriquecedora. "Creio que a visão que o NEOJIBA me deu é que todos importam. Desde o menor ao maior. Todos fazem parte de um grande ciclo. Então importa muito o que você faz, como ensina a alguém, porque ele também vai ensinar a uma outra pessoa. O NEOJIBA é o projeto mais lindo que eu já vi. E é precisamente isso, oportunidade para todos". 

Sinergia e encantamento

Apesar do ritmo intenso de atividades, os participantes tiveram a chance de passear em Salvador. Eles estiveram na Igreja do Bonfim e na Ponta de Humaitá, na Cidade Baixa, e também visitaram o Pelourinho. Lá, eles tiveram a oportunidade de conhecer o Projeto Axé e de tocar com as crianças e jovens que integram o projeto.

O grande concerto de encerramento do Conecta aconteceu no dia 28, no Teatro Salesiano, em Nazaré. Numa noite inesquecível, os participantes tocaram ao lado de 52 integrantes do NEOJIBA, sob regência de Ricardo Castro. A Orquestra NEOJIBA Conecta abriu a apresentação com o prelúdio de Os Mestres Cantores de Nuremberg, de Wagner, e seguiu com um repertório pulsante, com muitas obras de compositores latino-americanos e africanos, honrando a história e a cultura dos intérpretes.

Com uma performance vigorosa, eles apresentaram obras como "Sensemayá", de Revueltas, "Huapango", de Moncayo, e "Sonhos Percutidos", do baiano Wellington Gomes, com direito à coreografia da percussionista Natasha, instrutora do NEOJIBA. Outro momento emocionante da noite foi a interpretação da cantora moçambicana Lourena Estela para "Alizandro", canção de Hortêncio Langa, conterrâneo de Lourena e de Humberto Tandane, que a acompanhou ao piano.

A fonoaudióloga Thaís Cruz ficou encantada com o que viu. "Achei fantástico, com uma energia incrível. Não consegui tirar os olhos do palco. Foi indescritível ver essa troca de culturas, essa sinergia que independe de língua ou outras características. Tudo consegue convergir e gerar esse trabalho incrível". 

Com o sucesso da primeira edição, o IDSM planeja expandir o NEOJIBA Conecta nos próximos anos. "Este projeto não apenas celebra as riquezas culturais dos participantes, mas também se estabelece como um pilar essencial para a promoção da paz e da integração entre os povos", conta Castro.

O NEOJIBA Conecta contou com o apoio da Gemcorp, de Angola.

Sobre o programa NEOJIBA

Criado em 2007, o NEOJIBA (Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia) promove o desenvolvimento e integração social prioritariamente de crianças, adolescentes e jovens em situações de vulnerabilidade, por meio do ensino e da prática musical coletivos. O programa é mantido pelo Governo do Estado da Bahia, vinculado à Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, e gerido pelo Instituto de Desenvolvimento Social Pela Música. Em 17 anos, o NEOJIBA atendeu, direta e indiretamente, cerca de 30 mil crianças, adolescentes e jovens entre 6 e 29 anos. Atualmente, o programa beneficia 2,4 mil integrantes diretos em seus 13 núcleos, em Salvador e em 6 cidades do interior da Bahia, e 6 mil indiretos em ações de apoio a iniciativas musicais parceiras.


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