O que nos inspira? Essa pergunta moveu os participantes do 14º Seminário Pedagógico do NEOJIBA, programa do Governo da Bahia, que aconteceu entre os dias 29/1 e 2/2 no Parque do Queimado, em Salvador. O evento reuniu os instrutores e coordenadores pedagógicos que atuam em todos os núcleos do programa, na capital e no interior, além das equipes de Desenvolvimento Social.

Como tradicionalmente acontece, o seminário foi aberto por Ricardo Castro, diretor-geral do NEOJIBA.  "Nós nos juntamos sempre para compartilhar, para aprender, para crescermos juntos. Tenho muito orgulho de saber que esse movimento é contínuo e só cresce. Somos cada vez mais pessoas acreditando naquilo que a gente faz. Vamos continuar abrindo novos horizontes para quem está aqui hoje e para as futuras gerações".

As atividades ao longo da semana foram conduzidas por José Henrique de Campos, diretor educacional do programa. "Este é um momento de alinharmos as equipes. Nós passamos uma semana juntos fazendo o nosso planejamento pedagógico, preparando nosso ano letivo. O tema deste ano é 'Inspira', que é justamente trazer esse aspecto de como podemos estimular nossos professores para que eles realizem trabalhos ainda mais criativos nos núcleos". 

Educação, Cultura e Direitos Humanos

Um dos momentos mais marcantes do seminário foi uma conversa com o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Felipe Freitas, sobre como a educação e a cultura são instrumentos de Direitos Humanos. "A agenda dos direitos humanos está bastante conectada com o tema da educação e da cultura, e o NEOJIBA é uma referência disso, na medida em que oferece não só o alargamento das possibilidades de cidadania, de desenvolvimento, a oferta de uma formação musical de altíssimo nível, mas também uma profunda reflexão sobre a dimensão dos direitos humanos e sobre a sua centralidade na construção de um mundo justo e igual". 

Razão e emoção

O evento também foi palco para pensar novas abordagens de aprendizado e ensino, conectando cada vez mais a dimensão cognitiva e emocional dos integrantes. Deborah Wanderley, pesquisadora nas Universidades de Harvard e Northeastern, nos Estados Unidos, falou sobre o tema. "Durante muito tempo, acreditava-se que emoção e razão no cérebro funcionavam de forma independente. Hoje, os avanços na neurociência revelam uma realidade mais complexa, onde emoções e processos cognitivos estão intrinsecamente ligados, influenciando-se mutuamente", contou. 

Para Deborah, a prática musical coletiva, como a promovida pelo NEOJIBA, é um espaço ideal para apoiar o desenvolvimento de várias habilidades que fazem parte da interação cognitivo-emocional. "Um dos grandes diferenciais do NEOJIBA é a ênfase na prática musical em grupo, que se destaca por fortalecer habilidades fundamentais, como interação, empatia, solidariedade, liderança, pensamento estratégico e resolução de conflitos. Ao entrar em contato com a nova geração de professores e líderes na Semana Pedagógica, observo como o NEOJIBA segue como força nacional e internacional para avançar a equidade através da educação estratégica e coordenada para a formação de cidadãos e profissionais preparados para os desafios correntes e futuros".

Universo paralelo

Um dos encontros promovidos pelo Seminário mostrou na prática os cidadãos que o NEOJIBA é capaz de formar. A maestrina, curadora e educadora Priscila Santana falou com a equipe do programa diretamente de Nova York, onde vive e trabalha atualmente. Criada no bairro de Cosme de Farias, periferia de Salvador, Priscila integrou o NEOJIBA entre 2007 e 2016, quando também atuou como monitora, instrutora e coordenadora de núcleo. "Estar nesse evento é uma forma de dar um retorno, um pouquinho do tanto que o NEOJIBA me deu. O programa transformou minha vida no sentido pessoal e profissional. Foi muito especial ver tantos amigos queridos que ainda estão lá fazendo acontecer e poder reafirmar o quanto o NEOJIBA é um universo paralelo dentro dos projetos sociais de música e o quanto se destaca". 

Colóquio sobre Educação Musical para pessoas com deficiências

O último dia do Seminário abrigou a realização do 6º Colóquio sobre Educação Musical para Pessoas com Deficiências, que contou com uma palestra com a pesquisadora Viviane Louro, professora doutora da Universidade Federal de Pernambuco e referência na área, sobre aspectos teóricos e práticos da psicomotricidade.  O evento também rememorou a trajetória do NEOJIBA na educação de pessoas com deficiências, numa conversa com Darlan Gabriel e Alana Costa, que integram a equipe do programa. 

A semana intensa de atividades deixou os participantes mais que inspirados, como conta Denise Fersan, instrutora de canto coral e iniciação musical no núcleo de Feira de Santana. "Estar no seminário é um momento muito importante, porque tem essa integração entre os instrutores e coordenadores, para a gente ver o que funcionou, o que pode melhorar. A gente sai daqui muito inspirado para o ano, cheio de ideias para aplicar com nossos integrantes". 
 

Sobre o NEOJIBA

Criado em 2007, o NEOJIBA (Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia) promove o desenvolvimento e integração social prioritariamente de crianças, adolescentes e jovens em situações de vulnerabilidade, por meio do ensino e da prática musical coletivos. O programa é mantido pelo Governo do Estado da Bahia, vinculado à Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, e gerido pelo Instituto de Desenvolvimento Social Pela Música. Em 16 anos, o NEOJIBA atendeu, direta e indiretamente, mais de 20 mil crianças, adolescentes e jovens entre 6 e 29 anos. Atualmente, o programa beneficia 2.400 integrantes diretos em seus 13 núcleos, em Salvador e mais 6 cidades do interior da Bahia, e 6.000 indiretos em ações de apoio a iniciativas musicais parceiras.