E se o escritor brasileiro Ariano Suassuna e o espanhol Miguel de Cervantes estivessem juntos num palco - ou melhor, num circo! - para contar uma história de amor entre Dom Quixote e Maria Bonita em pleno sertão nordestino? Os baianos puderam conferir mais uma vez o resultado dessa ideia mágica e instigante na segunda temporada em Salvador da ópera “Dulcinéia e Trancoso”, com o Coro e a Orquestra NEOJIBA. 

O Teatro Vila Velha ficou novamente lotado para as apresentações, que aconteceram nos dias 17, 18 e 19 de novembro, com regência de Lucie Barluet e direção cênica de Chica Carelli. 

Entre o público que encheu o teatro, estava Felipe Freitas, secretário de Justiça e Direitos Humanos. “Foi brilhante, criativo, potente, encantador. Um verdadeiro espetáculo de texto, sonoridade, imagens e referências. Hoje tivemos na plateia vários familiares, pessoas da comunidade, que estão se interessando por esse tipo de música e aprendendo junto com o NEOJIBA o valor da cultura na transformação da vida, na produção de novos sonhos e novos horizontes. Portanto, nós da secretaria, do governo, ficamos muito felizes com a possibilidade desse encontro que é de poesia, de música, de beleza e de liberdade, que é o sonho e o projeto de todos nós”.

Freitas foi acompanhado por Adélia Pinheiro, secretária de Educação, que também se encantou com o espetáculo. “Fiquei muito emocionada vendo a nossa talentosa juventude da Orquestra e Coro NEOJIBA e vendo o estímulo, a esperança e o acerto do nosso programa”.

A cineasta Camele Queiroz foi assistir a ópera pela segunda vez, e convidou um grupo grande de amigos para ir junto. "Ouvir essa qualidade de música, de apresentação, em Salvador, na Bahia, com pessoas que a gente sabe que em grande medida não teriam oportunidade se não fosse através de um projeto como o NEOJIBA, é de emocionar qualquer ser humano. Parabéns!". 

História da nossa gente

Composta pelo paraibano Eli-Eri Moura, com libreto de W. J.Solha, a ópera “Dulcinéia e Trancoso” é inspirada na obra do escritor Ariano Suassuna. É considerada a primeira ópera Armorial, fruto do movimento idealizado na década de 1970 por Suassuna para valorizar a arte popular do Nordeste Brasileiro. 

Fã do escritor paraibano, a professora Darci Moraes ficou encantada com a obra. “Essa ópera fala da nossa gente, dos nossos costumes, da nossa vida, do nosso cotidiano. Isso é muito importante, em especial com esses jovens. Traz para eles esse mundo da literatura, e traz também essa reflexão sobre suas próprias vidas. Gostei muito!”. 

Sucesso de público, a montagem do NEOJIBA já foi vista por mais de 2.600 pessoas em Salvador, João Pessoa, Mossoró e Manaus.  

No palco, são os próprios personagens de Suassuna e Cervantes que conduzem a história de amor de Dulcinéia e Trancoso na aridez do sertão nordestino. Numa mistura de elementos das culturas nordestina e ibérica, o casal de protagonistas evoca Dom Quixote e Maria Bonita. Eles rogam proteção à Compadecida para se livrar do pior dentre os vilões, a Morte. 

Os solistas da ópera são integrantes do Coro Juvenil do NEOJIBA, com Maiane Santa Izabel como Dulcinéia, Thiago Alves como Trancoso, Samuel Marques como Ariano Suassuna, Ed Silva como Cervantes, Iuri Neery como Bozo, Guilherme Bispo como Dono do Circo, Alessandra Lima como A Compadecida e Camila Ceuta como A Morte. A direção de movimento é de Luana Serrat, com figurino de Zuarte Jr. e luz de Luciano Santos. 

A série Concertos Itinerantes conta com o patrocínio do Ministério da Cultura, Governo da Bahia e NUBANK, através da Lei de Incentivo à Cultura, do Governo Federal. 

Sobre o NEOJIBA

Criado em 2007, o NEOJIBA (Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia) promove o desenvolvimento e integração social prioritariamente de crianças, adolescentes e jovens em situações de vulnerabilidade, por meio do ensino e da prática musical coletivos. O programa é mantido pelo Governo do Estado da Bahia, vinculado à Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, e gerido pelo Instituto de Desenvolvimento Social Pela Música. Em 16 anos, o NEOJIBA atendeu, direta e indiretamente, mais de 24  mil crianças, adolescentes e jovens entre 6 e 29 anos. Atualmente, o programa beneficia 2.300 integrantes diretos em seus 13 núcleos, em Salvador e mais 6 cidades do interior da Bahia, e 6.000 indiretos em ações de apoio a iniciativas musicais parceiras.