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Concertos do Festival Ilumina Bahia emocionaram o público com grandes artistas e performances marcantes

  • 11 jan, 2022

Com os pés descalços e com os corpos movendo-se como arcos, os músicos tomaram o palco do Teatro Castro Alves para o último concerto do Festival Ilumina Bahia, no dia 7 de janeiro. Entre clássicos da música de concerto e da música popular brasileira, eles encerraram com frescor uma série de seis apresentações inesquecíveis, que movimentaram a cena cultural da capital baiana entre o final de 2021 e o começo de 2022. 

Esta foi a primeira vez que o Festival Ilumina, uma das principais iniciativas de formação musical da América Latina, aconteceu em Salvador, a convite do NEOJIBA, programa do Governo da Bahia. Durante onze dias, 30 jovens músicos de todo o Brasil e 16 grandes artistas internacionais estiveram juntos em oficinas imersivas e realizaram concertos gratuitos em diversos locais da cidade. "Nós ficamos muito felizes e orgulhosos de ter trazido para Salvador essa quantidade incrível de músicos excepcionais. Conseguimos realizar essa parceria num período em que normalmente não há eventos de música de concerto na Bahia. O resultado foi incrível. Nossos jovens receberam formação de primeiríssima qualidade, e a gente tem certeza que está plantando uma belíssima semente para o futuro", contou Ricardo Castro, fundador e diretor-geral do NEOJIBA. 

Criadora do Festival Ilumina, que já está na sétima edição, a violista norte-americana Jennifer Stumm também ficou feliz pela parceria e pela oportunidade de conhecer mais de perto os integrantes do NEOJIBA, que foram maioria entre os jovens solistas participantes. "Sempre foi um sonho que o Ilumina pudesse acontecer no Nordeste do Brasil, para que nós fôssemos cada vez mais diversos. Os músicos do NEOJIBA que se juntaram à comunidade do Ilumina neste ano são muito especiais. Foi um privilégio conhecê-los". 

Para o público, foi um verdadeiro presente. O jornalista Luis Guilherme Tavares, diretor da Associação Baiana de Imprensa, emocionou-se com o primeiro concerto do festival, no dia 28 de dezembro, que reuniu o pianista baiano Ricardo Castro e o violinista francês David Grimal, no Parque do Queimado. "Considero que tive um privilégio extraordinário, primeiro por esse espaço e, depois, pela generosa exibição de Ricardo Castro e de David Grimal, cujas performances foram admiráveis. Há que se registrar, ademais, o público. Não é exatamente um público da elite, e isso mostra o quanto o povo brasileiro é evoluído. Muito! Quem quiser que pense o contrário. Tudo isso é política". 

Grimal voltou a se apresentar no festival no dia 30 de dezembro, no Teatro Castro Alves. Na ocasião, a Orquestra NEOJIBA tocou sem regente, seguindo a filosofia da orquestra Le Dissonances, criada pelo músico francês há quinze anos. A noite foi aberta com uma esplêndida apresentação do "Poème para violino e orquestra, op. 25", de Chausson, que comoveu o violinista. "Eles tocaram tão maravilhosamente... Isso para mim é música. Muito frequentemente, quando você toca com orquestras profissionais, você não está fazendo música, está apenas tentando ser perfeito. Então todo mundo está tenso e acaba sendo algo frio, vertical, chato. Comecei a Les Dissonances buscando algo como o que existe aqui. O NEOJIBA é um diamante, é algo único. Estou muito agradecido por esta oportunidade". 

Dentre os artistas que participaram do festival, estiveram outros nomes de destaque no universo da música de concerto, como a violinista holandesa Liza Ferschtman, o violoncelista alemão Julian Steckel, o clarinetista e compositor britânico Mark Simpson,o contrabaixista brasileiro Pedro Gadelha e o violoncelista bielorusso Ivan Karizna.
Os músicos convidados se apresentaram para baianos e turistas nas igrejas do Pelourinho nos dias 2/1 (Igreja de São Francisco) e 4/1 (Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos). Depois, tocaram ao lado dos jovens solistas nos dias 6/1 -  numa maratona musical que durou três horas no Parque do Queimado, com muitas obras de compositores contemporâneos - e no concerto de encerramento, no dia 7/1. Todas as atividades seguiram os protocolos vigentes de prevenção à COVID-19 e o público também pôde levar doações para as milhares de vítimas das chuvas na Bahia, em apoio à campanha das Voluntárias Sociais da Bahia. 

A estudante Maria Caroline Araújo, 19, foi ao concerto na majestosa Igreja de São Francisco, e achou a apresentação "fantástica". "Foi muito emocionante e bem marcante, também. É um alento para os nossos ouvidos. Cada música que tocava, cada melodia, fazia a gente voltar um pouco no tempo, e pensar um pouco na nossa vida. Foi ótimo".

Oficinas para um "novo eu"

Antes das apresentações públicas, os jovens solistas do Festival Ilumina Bahia participaram de oficinas com os artistas convidados na Casa Rosa, novo espaço cultural do Rio Vermelho. O violoncelista Luis Filipe Nobre, da Orquestra 2 de Julho, foi um dos 19 integrantes do NEOJIBA que vivenciaram esta experiência transformadora. "Foi a primeira vez que eu participei de um festival. O Ilumina foi muito inspirador, foi uma grande porta para um novo eu. Sempre fui muito tímido, e o Ilumina me deu a oportunidade de ter contato diretamente com os solistas e de ver que eles são pessoas normais, como eu e você. Foi uma experiência incrível". 

A violinista holandesa Liza Ferschtman, que participou do Ilumina pela segunda vez, contou que iria voltar para casa inspirada. "Foi maravilhoso conhecer os integrantes do NEOJIBA, tocar com eles. Foi um processo maravilhoso e também muito intenso. Nós nos víamos o tempo todo, comíamos juntos… Nos primeiros dias, eles ainda estavam um pouco tímidos, mas depois passaram a fazer todo tipo de pergunta. Foi uma troca incrível. Isso acaba alimentando o nosso amor pela música. Sei que vou voltar para casa com a crença renovada do quanto vale a pena". 

Depois de passar por Salvador, o Ilumina segue para uma fazenda de café no interior de São Paulo, levando música às comunidades rurais e fortalecendo o debate sobre sustentabilidade. O evento será encerrado neste domingo (16), na capital paulista, com o tradicional concerto na Sala São Paulo. 
Confira a lista dos participantes do Festival Ilumina Bahia:

Artistas convidados

JENNIFER STUMM, viola/diretora - Estados Unidos
RICARDO CASTRO, piano/diretor - Brasil
MARK SIMPSON, clarinete/compositor - Reino Unido
DAVID GRIMAL, violino - França
LIZA FERSCHTMAN, violino - Holanda
ALEXI KENNEY, violino - Estados Unidos
NATHAN AMARAL, violino - Brasil
MONIQUE CABRAL, violino - Brasil
MARESSA PORTILHO, violino - Brasil
FELIPE BUENO, violino - Brasil
GABRIEL SQUIZZATO, viola - Brasil
JULIAN STECKEL, violoncelo - Alemanha
BRUNO LIMA, violoncelo/arranjador - Brasil
IVAN KARIZNA, violoncelo - França
GUILHERME MORAES, violoncelo - Brasil
PEDRO GADELHA, contrabaixo - Brasil

JOVENS SOLISTAS

Bella Loran
Breno Albuquerque
Bruna Cavalcante
Bruna Dantas
Bruno William
Caio Brito
Eliel Santana
Fernando Batista
Frank Junior
Gerusa França
Isabela Rangel
Israel Almeida
Iury Santos
Karen Nino
Luan Santa Clara
Lucas Santa Clara
Luis Fellipe Borges
Luis Filipe Nobre
Maria Fernanda Lago
Pilar Gisele Rodrigues
Rafael Sanches
Raquel Paz
Samuel Galdino
Talita Felício
Uiler Moreira
Vangelis Lopes
Veronica Lopes
Vinicius Batista
Washington Couto
Yohana Alves


Sobre o NEOJIBA
Criado em 2007, o NEOJIBA (Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia) promove o desenvolvimento e integração social prioritariamente de crianças, adolescentes e jovens em situações de vulnerabilidade, por meio do ensino e da prática musical coletivos. O programa é mantido pelo Governo do Estado da Bahia, vinculado à Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social, e gerido pelo Instituto de Desenvolvimento Social Pela Música. Em 14 anos, o NEOJIBA atendeu, direta e indiretamente, mais de 10 mil crianças, adolescentes e jovens entre 6 e 29 anos. Atualmente, o programa beneficia 1970 integrantes diretos em seus 13 núcleos e 4.500 indiretos em ações de apoio a iniciativas musicais parceiras.
 
Sobre o Ilumina
O Ilumina foi fundado em 2015 pela violista americana Jennifer Stumm na cidade de São Paulo. Tudo começou com um pequeno projeto de desenvolvimento de talentos musicais em uma fazenda e, ao decorrer de seis anos, conectou centenas de jovens músicos da América do Sul aos principais artistas internacionais de todo o mundo. O festival conquistou renome internacional por proporcionar acesso à música ao vivo para milhares de pessoas todos os anos, gerando iniciativas de grande impacto social, além de lançar um modelo inovador de desenvolvimento que gera oportunidades poderosas. Mais de 60% dos jovens artistas da Illumina passaram a estudar em universidades e conservatórios de alto nível por todo o mundo e, desses, 98% foram aceitos na instituição que mais queriam estudar. O Ilumina se apresenta com seu diverso coletivo de artistas nos principais palcos ao redor do mundo, lidera residências educacionais e continua a lutar por equidade e representação nas lideranças, tanto dentro quanto fora dos palcos.


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