A ARCA NEOJIBA é o novo equipamento cultural de Salvador
- 18 out, 2021
O NEOJIBA, Programa Social do Governo da Bahia, vinculado à Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS) e gerido pelo Instituto de Desenvolvimento Social pela Música (IDSM), ganhou de presente de 14 anos, uma Arca para chamar de sua, mas que é principalmente para uso da comunidade.
O presente, que deveria ter sido entregue em 2020, precisou esperar por causa da pandemia. Chegou em 2021 quatro dias antes da data de aniversário do NEOJIBA- 20 de outubro- , no sábado (16), e foi inaugurado com um sarau que durou quase três horas. Foram cerca de 15 apresentações de música, dança e poesia, durante o entardecer no Parque do Queimado, sede do NEOJIBA, no bairro da Liberdade.
A história da Arca começa em 2019, quando foi inaugurada a primeira sede oficial do Programa que funcionou durante 12 anos, nas dependências do Teatro Castro Alves. O pianista e maestro Ricardo Castro, fundador e diretor-geral do NEOJIBA, queria um palco para que a população pudesse apresentar seus diferentes tipos de música e poesia, numa troca de diferentes linguagens artísticas. Por isso, o nome “Arca”! Como a simbologia da Arca de Noé que abrigou diferentes espécies, num mesmo espaço, na intenção da continuidade reprodutiva.
A Arca NEOJIBA, já apelidada carinhosamente de Arca de NEÓ, foi concebida e construída por meio de uma campanha de financiamento colaborativo. O projeto foi aprovado pelo edital do programa Matchfunding BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) + Patrimônio Cultural, pela plataforma Benfeitoria. Foram arrecadados R$ 107 mil e o o BNDES dobrou o valor de cada contribuição individual, possibilitando a construção do equipamento.
“A gente acredita que é possível fazer um mundo melhor com a arte. Eu me sinto hoje, como uma criança no Natal, ganhando o seu presente. Aliás, o NEOJIBA me faz sentir que todo dia é Natal. Este palco é nosso, este palco é de vocês. Falo para os da casa e os das comunidades. Sejam todos bem-vindos e todas bem-vindas!” – assim o maestro Ricardo Castro abriu as apresentações do sarau, do qual ele também fez parte, deleitando a plateia, ao piano.
O evento foi conduzido pelo trompetista e maestro Helder Passinho que contagiou os presentes na função de Mestre de Cerimônia, com a sua alegria, leveza e como profundo conhecedor da história do NEOJIBA. “A arca chega para somar e trazer a diversidade ao palco. Para fortalecer o nosso elo com a comunidade. A nossa prática musical coletiva será potencializada com o espaço dado às individualidades. Estamos muito felizes e empolgados com o equipamento!” – expressou Passinho.
Além de integrantes, coordenadores e do Diretor Educacional do Programa NEOJIBA, José Henrique de Campos, que fez um dueto com Esdras Efraim, Coordenador do NPM Bairro da Paz, de violão e flauta, respectivamente, tocando Wave de Tom Jobim, convidados também se apresentaram no sarau. Como A Pombagem, grupo da periferia de Salvador que atua, desde 2009, com espetáculos de teatro de rua, e um grupo da OAF (Organização de Auxílio Fraterno), em parceria com o Projeto Violinha Boa de maculelê. Neste Projeto, as crianças fabricam seus instrumentos e aprendem a tocar. A OAF, organização não governamental que acolhe crianças e adolescentes em situação de risco, é vizinha do Parque do Queimado. Parceira do NEOJIBA, na disponibilização de espaço físico e foi onde o NPM Liberdade começou.
“A Pombagem é uma expressão da cultura popular e o NEOJIBA traz uma perspectiva da música erudita. A nossa participação na inauguração da Arca NEOJIBA mostra a síntese da cultura, o diálogo entre as diferentes linguagens artísticas. A prática do caminhar juntas, sem se sobreporem, fazendo arte para um mundo melhor!” – comentou o Diretor da Pombagem, Fabrício Brito.
O grupo fez a apresentação do seu espetáculo “O Museu é a Rua”, com grafite, rap, hip hop, dança de rua... atuando de forma bem variada e interativa com o público.
“Estação de Tratamento de Almas Musicais”
A inauguração teve um público eclético e sedento de arte presencial. Como o Produtor Artístico, Andrezão Simões, parceiro de criações do Programa – ele dirigiu o espetáculo do aniversário de 10 anos. “É uma felicidade estar aqui de volta, nesta estação de tratamento de almas musicais. Desta vez, para a inauguração de mais um filho e como bom filho, assim me sinto, também volto à casa!”
A turma da OAF se emocionou e emocionou os presentes com o seu maculelê. Eles que estão acostumados a assistir às apresentações do NEOJIBA, desta vez, também foram os artistas, possibilitando a valorização individual de cada um. “Foi uma experiência muito gratificante, colocar estas crianças num palco, por um dia, na inauguração da tão sonhada Arca. Gratidão e parabéns aos envolvidos” – agradeceu Helon Neves, Coordenador do Projeto Violinha Boa.
“Necessitamos deste acolhimento, deste palco democrático... E poder estar, de novo, cara a cara com o público, é indescritível, é fantástico!” – comemorou Dandê Azevedo, integrante do Coro Juvenil e que está há seis anos no Programa, minutos antes de embarcar na Arca para cantar “Náufrago”, de Majur Feat Hiran. Dissociando a simbologia do nome da música, já que a Arca chegou para fazer diferentes artistas ilhados, navegarem juntos e misturados.
Talita Felício é contrabaixista da Orquestra Dois de Julho e fez sua apresentação como exemplo de superação musical, durante a pandemia. Ela tocou contrabaixo e cantou um pout porri que durou uns cinco minutos, surpreendendo a ela mesma e a todos. Costuma dizer que é cria do Nordeste de Amaralina, onde frequenta o NPM, e do NEOJIBA. “Durante a pandemia, no isolamento, eu não podia tocar para os meus colegas cantarem. Então resolvi inovar e fazer uso dos dois instrumentos que eu tinha em mãos: o contrabaixo e minha voz.” Talita entendeu o objetivo da Arca de NEÓ: trazer a público diferentes formas de fazer arte!
Gíldia Serra, 57 anos, revisora de textos e moradora do bairro da Lapinha, já namorava a estrutura do Parque do Queimado há muito tempo, mas nunca tinha tido a oportunidade de conhecer. Quando soube da volta das apresentações presenciais, não pensou meia vez, pediu ajuda a um sobrinho para a retirada do ingresso gratuito pela plataforma Sympla e garantiu o seu para assistir ao zarpar da Arca NEOJIBA. “Eu gosto muito de música de orquestra e de monumentos antigos. E hoje, eu consegui juntar as duas coisas aqui. Tudo isso é arte! Este local e suas atividades nos proporcionam conhecer a nossa história. Seja qual for a expressão artística, será a melhor forma do ser humano se expressar.”
É isto mesmo, Dona Gíldia, que a Arca de NEÓ vai fazer: proporcionar espaço para o ser humano se expressar artisticamente, dentro da filosofia de trabalho deste Programa. E lembramos que o Aniversário de 14 anos do NEOJIBA é uma ação do Ministério do Turismo e Governo Federal, através da Lei de Incentivo à Cultura, e conta com o patrocínio da Solar Coca-Cola.