História do NEOJIBA é tema do segundo Congresso Virtual da Ufba

  • 26 fev, 2021

O segundo Congresso Virtual da Universidade Federal da Bahia teve uma sala inteiramente dedicada ao NEOJIBA (programa social do Governo da Bahia). O tema do encontro, transmitido ao vivo na manhã desta quinta, 25/2, foi “NEOJIBA: a prática artística como desenvolvimento humano”.   

A sala reuniu o maestro Ricardo Castro, fundador do NEOJIBA, os diretores Eduardo Torres, Fernanda Tourinho e José Henrique de Campos, o economista José Sérgio Andrade, autor do livro "NEOJIBA: A Prática Artística como Meio de Desenvolvimento Humano", e a musicista Priscila Santana, que ingressou no NEOJIBA em 2007. Após coordenar o Núcleo SESI, Priscila foi convidada a dirigir o Programa de Inclusão Através da Música e das Artes (PRIMA), na Paraíba, inspirado no NEOJIBA, e hoje é uma das coordenadoras do Kaufman Music Center, em Nova York. A mesa foi uma iniciativa da advogada Laíze Lantyer Luz, que também mediou o encontro. Laíze é especialista em direito ambiental, co-fundadora do Movimento Universidade Arte Transformática (MudArt) e membro do CÍRCULO NEOJIBA, programa de relacionamento criado para aproximar ainda mais o NEOJIBA da sua rede de doadores da sociedade civil.

O evento foi aberto por Ricardo Castro, que contou como a história do NEOJIBA começou, a partir de uma visita ao El Sistema, da Venezuela. Ricardo compartilhou a experiência com o amigo Márcio Meirelles, que em 2007 viria a se tornar secretário de Cultura da Bahia. Uma das razões que o fez assumir o posto foi a possibilidade de implantar o programa na Bahia. "Para ter impacto real, um programa como esse precisa ser governamental. Seguimos o modelo do El Sistema, que tem o tripé do governo, empresas e sociedade civil muito forte. A gente começou com quase nada, como uma atividade de extensão do Teatro Castro Alves, com 86 meninos e meninas que queriam tocar em orquestra". 

Desde então, o programa não parou de crescer. O diretor musical do NEOJIBA, Eduardo Torres, traçou uma linha do tempo para mostrar cada passo dessa evolução, sempre centrada na busca pela excelência. "Esse é um dos nossos princípios,  é a coluna vertebral do NEOJIBA". Uma das vertentes dessa busca é o intercâmbio com artistas e gestores renomados do Brasil e do exterior. Em treze anos, o NEOJIBA recebeu mais de 614 convidados. O recordista é o flautista suíço-canadense Michel Bellavance, que já deu aulas aos integrantes em 25 oportunidades. 

Fernanda Tourinho, diretora institucional do NEOJIBA, falou sobre o planejamento estratégico, a captação de recursos e a comunicação do programa e ressaltou a importância de pensar de modo integrado as esferas educacional, social e artística. "Está provado que essa conjunção de fatores dá certo. A sociedade reconhece a força do NEOJIBA como um trabalho de excelência". 

O economista José Sérgio Andrade, que escreveu um livro sobre o NEOJIBA, também participou do encontro. José Sérgio relembrou a emoção da primeira vez que conheceu o programa, num concerto no TCA, em 2008. "Fiquei impressionado com o público, constituído de pessoas muito humildes. Quando a orquestra executou a primeira música, os aplausos me impressionaram definitivamente. O amigo que me convidou para o concerto explicou que o público era formado por pais, irmãos e amigos dos músicos, que vinham de bairros periféricos de Salvador. Mas só entendi direito o que é o NEOJIBA alguns anos depois, quando vi a orquestra ser aplaudida em Paris com o mesmo entusiasmo. O NEOJIBA é um fenômeno que conquista as pessoas. Só há dois grupos: os que são apaixonados pelo NEOJIBA e os que ainda não conhecem. Ao conhecer, você se apaixona, não há outra hipótese". 

Outro depoimento emocionante veio da musicista Priscila Santana, que costumava ir a pé do Engenho Velho de Brotas para os primeiros ensaios no TCA, numa caminhada que durava cerca de 40 minutos, e hoje é coordenadora musical de uma escola nos Estados Unidos. Ela recordou sua primeira viagem internacional, para uma série de concertos em Londres e Lisboa. "Lembro que a plateia chorava, a gente também estava super emocionado... Eles sentiram o quanto a ação de estar naquele palco ia muito além da música. É o poder transformador humano. Você começa a ver que é possível ultrapassar os limites do seu bairro, do seu estado, do seu país. Vê que o mundo é pequeno para você. O NEOJIBA foi o grande laboratório de todos os meus aprendizados. Sem ele, eu não estaria aqui". 

José Henrique de Campos, diretor educacional do programa, encerrou a mesa falando sobre o maior lema do NEOJIBA, o "Aprende quem ensina". Ele mostrou como a multiplicação do conhecimento acontece na prática, a partir de ações como o Jovem líder, o Multiplicador territorial, o Jovem Aprendiz e o Procec (Programa de Capacitação em Ensino Coletivo de Música). "É toda uma rede que vai se formando para chegar nesse resultado incrível". 

 

Sobre o NEOJIBA

Criado em 2007, o NEOJIBA (Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia) promove o desenvolvimento e integração social prioritariamente de crianças, adolescentes e jovens em situações de vulnerabilidade, por meio do ensino e da prática musical coletivos. O programa é mantido pelo Governo do Estado da Bahia, vinculado à Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social e gerido pelo Instituto de Desenvolvimento Social Pela Música. Em 13 anos de atuação, o NEOJIBA atendeu, direta e indiretamente, mais de 10 mil crianças e jovens entre 6 e 29 anos.


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