Há um ano, os músicos baianos Priscila Rodrigues e Fábio Santos realizam o sonho de estudar na Suíça. Eles são os primeiros contemplados do projeto Excelência NEOJIBA, que, entre outras ações, viabiliza residência artística para que jovens músicos aprimorem seus conhecimentos no exterior, com patrocínio da CAIXA e do Governo Federal. 

Além de encarar o frio, uma nova cultura e uma nova língua, Priscila e Fábio tiveram que lidar com as restrições impostas pela pandemia. Por lá, as aulas também se dividiram entre as modalidades presencial e online. 

Fábio, que é percussionista e está cursando mestrado em Performance em Percussão na Hochschule für Musik, conta que tem dois encontros presenciais na semana com o professor Mathias Würsch e dedica o restante do tempo ao estudo individual. "Minhas principais evoluções foram na compreensão, paciência e performance musical. Com o suporte que encontrei aqui, pude refletir mais no meu processo de estudo, o que acarretou numa melhor execução das obras. Pude perceber minhas falhas e corrigi-las com mais eficiência. Vivenciar o aprendizado que estou tendo aqui é algo que não consigo mensurar em palavras".

Priscila, que está estudando violino barroco, lembra que no começo do ano a rotina de atividades na Schola Cantorum Basilienis (FHNW) era intensa, mas com o aumento dos casos de COVID-19, foi preciso migrar as aulas para as plataformas virtuais.  "Alguns dias eram muito cansativos, porque começamos a ficar horas e horas em frente a uma tela, o que antes não era comum. Depois, passamos a ter aulas novamente em conjunto, seguindo medidas de segurança. Sinto que cresci em diversos aspectos, com novos conhecimentos teóricos e práticos. A experiência que estou tendo é única. Aqui aprendo muito, todos os dias, aprendo novas maneiras de tocar, pensar, aprender e compartilhar". 

Antes de conseguir patrocínio para a residência artística no exterior, o casal, que começou sua trajetória musical no NEOJIBA, vendeu brigadeiros, participou de concertos na igreja e fez vaquinha na internet para bancar os gastos.  Priscila conta que o apoio da CAIXA e do Excelência NEOJIBA têm sido fundamentais. "Esse incentivo mostra que existem pessoas que acreditam na juventude e desejam que os brasileiros se desenvolvam. Principalmente em se tratando de educação, desenvolvimento humano e arte, essa ação traz força e esperança para as pessoas, proporcionando oportunidade de aspirarem e realizarem coisas que não seriam possíveis". 

Fábio conta que se não fosse pelo patrocínio - que custeia despesas com moradia e alimentação - não teria como se dedicar integralmente aos estudos. "O custo de vida aqui é muito alto. Esse apoio nos traz a tranquilidade de que conseguiremos concluir o nosso processo de estudo sem o risco de desistir. É sempre gratificante saber que existem pessoas e instituições que apoiam o progresso dos jovens da nova geração. Ações como essa proporcionam o desenvolvimento cultural não apenas do indivíduo, mas de toda a comunidade".  

Um dos compromissos da dupla é retornar à Bahia para multiplicar o que aprenderam por lá. Além das atividades com integrantes do NEOJIBA, eles irão promover duas oficinas abertas ao público no espaço CAIXA Cultural, em Salvador.  "O que nós estamos desenvolvendo aqui vai se multiplicar entre todos. É a gota de esperança que se multiplica e embeleza a vida", diz Priscila. 

Bio - Priscila Gabrielle Rodrigues Silva Santos

Priscila ingressou no NEOJIBA em 2008, onde começou a estudar violino. Em 2010, tornou-se violinista da Orquestra Juvenil da Bahia. Como integrante da orquestra, participou de turnês nacionais e internacionais, acompanhando solistas renomados como Ricardo Castro, Shlomo Mintz, Maria João Pires, Jean-Yves Thibaudet, Martha Argerich, Colin Currie, Maxim Vengerov, Emmanuele Baldini, Lang Lang, Edicson Ruiz, Midori Goto e Leon Spierer. Foi spalla da Orquestra Juvenil da Bahia na Itália na turnê Europa de 2018, que percorreu a França, Itália e Suíça, com Martha Argerich como solista e Ricardo Castro como regente. Por quatro anos, Priscila atuou como monitora de cordas e regente da Orquestra Pedagógica Experimental, do NEOJIBA. Participou de intercâmbios orquestrais com a Orquestra Sinfónica Binacional Brasil Venezuela e o Dia da ONU, com Lang Lang. Em 2016, ganhou o prêmio de instrumentista destaque no Festival de Música Universitária de Salvador. Atuou como solista sob a direção de Chiara Banchini em 2017, e, e na apresentação de “Scheherazade”, de Rimsky-Korsakov, com a Orquestra Juvenil da Bahia, em 2018. Em 2019, participou de uma temporada em São Paulo do espetáculo de dança “Mulheres do Asè”, no SESC. Em 2020, participou da orquestra principal do Barokkfest, Festival de Trondheim, na Noruega. Graduada em violino pela Universidade Federal da Bahia, está cursando um novo bacharelado na Schola Cantorum Basilienis | FHNW, na Suíça, onde estuda violino barroco. 

Bio - Fábio da Silva Santos

Fábio iniciou os estudos de percussão em 2009, aos 17 anos, no NEOJIBA. Com a Orquestra Juvenil da Bahia, apresentou-se em países como Inglaterra, Alemanha, Suíça, Itália, Suécia e Portugal, sob regência do maestro Ricardo Castro. Dividiu o palco com solistas de renome internacional, como Lang Lang, Maria João Pires, Katia e Marielle Labéque, Shlomo Mintz, Martha Argerich, Ricardo Castro, Jean-Yves Thibaudet. Em 2014, apresentou-se com o percussionista escocês Colin Currie na Inglaterra. Em 2017, participou como percussionista da Orquestra das Américas (OA), realizando concertos no Chile, Argentina e Brasil, com os solistas Gautier Capuçon, Ricardo Castro e Gabriela Montero. É integrante do grupo de percussão MultiFaces. Atualmente, está cursando mestrado em Performance em Percussão na Hochschule für Musik, na Suíça.

Sobre o NEOJIBA

Criado em 2007, o NEOJIBA (Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia) promove o desenvolvimento e integração social prioritariamente de crianças, adolescentes e jovens em situações de vulnerabilidade, por meio do ensino e da prática musical coletivos. O programa é mantido pelo Governo do Estado da Bahia, vinculado à Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social e gerido pelo Instituto de Desenvolvimento Social Pela Música. Em 13 anos de atuação, o NEOJIBA atendeu, direta e indiretamente, mais de 10 mil crianças e jovens entre 6 e 29 anos.