Um domingo italiano, no Parque do Queimado

  • 21 nov, 2019

Um domingo italiano, no Parque do Queimado  

O premiado pianista Andrea Lucchesini, natural de Pistoia, na Itália, foi a atração internacional da Sala NEOJIBA, na manhã do último domingo (17).

 

“Para nós é um privilégio trazer Andrea Lucchesini para o concerto de hoje. Eu me formei em piano com a mesma professora dele, Maria Tipo. Hoje, aos 88 anos, ela mora em Florença e não mais leciona, por problemas de saúde. E há uma característica interessante entre os seus alunos.Todos se tornaram professores também. Nenhum deixou o ensino para seguir apenas a carreira artística”, comentou o maestro e pianista Ricardo Castro, fundador e Diretor Geral do NEOJIBA, na sua fala de abertura do concerto.

 

E ele convidou a plateia para assistir à primeira música apresentada, como sendo uma viagem sideral, do compositor italiano Bruno Maderna (1920-1973), “Serenata para um satélite”. Ao piano, Andrea Lucchesini foi acompanhado por um grupo de Virtuoses do NEOJIBA - Eliel Santana, no violino; Laís Tavares, no violoncelo; João Pedro Nunes, na flauta; Sandra Romero, no oboé; Adauri de Oliveira na clarineta e Isaac Falcão, na marimba. Ao longo do repertório italiano apresentado, o pianista teve a companhia intercalada por alguns destes virtuoses e realizou também, solos ao piano de obras de Domenico Scarlatti (1685 – 1757) – “Sonata K 491 em Ré maior”, “Sonata K 239 em Fá menor”, “Sonata K 466 em Fá menor”, dentre outras.

 

O médico baiano, Marcelo Brandão, 53, é assíduo frequentador do Parque do Queimado, aos domingos. Perguntado sobre o concerto, considerou quase inacreditável, para ele, o que o pianista Andrea Lucchesini consegue produzir com as suas mãos. E completou, “me sinto suspeito para falar sobre o NEOJIBA, porque sou fã desse Programa social que inclui, por meio da música, jovens baianos que sofrem de dificuldade no nosso Brasil. A arte é a melhor forma de reparação e a música é o melhor veículo. Começar um domingo com boa música, no Parque do Queimado, se tornou rotina, no meu final de semana”. D. Jovina Brandão de 93 anos, mãe do médico, estava pela segunda vez no Parque e disse gostar muito dos concertos por ser um momento em que ela se sente relaxada. Regina Celi Brandão Cruz, enfermeira, também filha de D. Jovina, presente ao passeio da família, considera o Parque do Queimado como um local de encontro da boa música com uma arquitetura histórica ímpar que foi beneficiada com o processo de requalificação recebido para se tornar sede do NEOJIBA. “Ganhamos todos os soteropolitanos com este lugar, além de nos proporcionar o contato e convívio com um programa social inédito no nosso Estado”, comenta a enfermeira.

 

Um programa social de política pública do Governo da Bahia, vinculado à Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS), sob gestão do Instituto Ação Social Pela Música (IASPM) que, em 12 anos de existência, já beneficiou mais de 10 mil crianças, adolescentes e jovens.

 

O pianista Andrea Lucchesini que participou na última semana da rotina no NEOJIBA, se disse contagiado pela alegria e harmonia dos integrantes. “Nos divertimos muito nos ensaios, assim como no concerto de música de câmara que acabamos de apresentar. Os meninos tocaram de uma maneira maravilhosa e esta será uma experiência que eu levarei comigo para sempre!”, disse Lucchesini. Ele considera a “Serenata para um Satélite”, uma música não muito simples, onde os vários instrumentos envolvidos são também solistas, e por isso têm uma grande responsabilidade e a possibilidade do improviso. “O trabalho foi divertidíssimo e descobrimos que podemos tocar esta música por cem vezes e as cem vezes serão diferentes com novas ideias, novas cores”, concluiu o pianista que também foi regente, na manhã italiana do domingo no Parque.


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