De mãos dadas transformando vidas

  • 29 mar, 2018

Além de ser a inspiração para a criação do NEOJIBA, o Sistema Nacional de Orquestas y Coros Juveniles y Infantiles de Venezuela (ou simplesmente El Sistema) contribui continuamente para o desenvolvimento do programa baiano. Desde o início da iniciativa do maestro e pianista Ricardo Castro, músicos e profissionais formados pelo projeto criado pelo maestro José Antonio Abreu estiveram em Salvador para intercâmbio artístico e pedagógico com o NEOJIBA.

Abreu era economista, maestro e fundou o El Sistema em 1975. O falecimento dessa liderança latino-americana no último sábado (24) gerou uma série de homenagens, inclusive no NEOJIBA. Neste domingo (1º), o concerto de estreia da série NEOJIBA no TCA celebra o legado que ele deixou. A apresentação conta com presença de músicos venezuelanos que começaram suas trajetórias no El Sistema e atualmente fazem parte da equipe do NEOJIBA.

O maestro Eduardo Salazar, que rege o concerto no TCA junto com Ricardo Castro, é um dos venezuelanos que colaboram constantemente com o NEOJIBA desde 2007. A cada visita sua admiração pelo trabalho desenvolvido aqui cresce. “Estive pela primeira vez junto com o jovem maestro Manuel López-Gómez. Vim para trabalhar com o naipe de cordas. Depois retornei outras vezes e sempre ficava impressionado com o crescimento acelerado do NEOJIBA. Lembro de ter me surpreendido de encontrar aqui uma turma de educação especial”, conta Salazar.

Outro grande momento de colaboração do maestro Salazar aconteceu em 2017, na turnê 10 anos do NEOJIBA. Sob a sua regência, a Orquestra Juvenil da Bahia se apresentou em São Paulo, Campos do Jordão e Belo Horizonte. “Foi muito emocionante participar deste momento emblemático. Para uma orquestra jovem de um estado como a Bahia, tocar nos principais palcos do Brasil e levar a mensagem que o El Sistema e o NEOJIBA compartilham – que é a da música como ferramenta de transformação social – é algo muito significativo”, lembra.

Outro importante maestro que esteve à frente da principal formação do NEOJIBA foi Gustavo Dudamel. Ele é considerado a maior revelação do El Sistema. Em 2011, quando esteve em Salvador para um concerto com a Orquestra Simon Bolivar, a principal do projeto venezuelano, Dudamel regeu a Juvenil da Bahia no palco do Teatro Castro Alves (foto). Na plateia, apenas os músicos do El Sistema. Os jovens baianos tocaram uma das peças mais emblemáticas do repertório da Simon Bolivar, Danzon nº 2, e deixaram os músicos venezuelanos emocionados.

Atualmente, o NEOJIBA acolhe na Orquestra Juvenil da Bahia alguns músicos que vieram do El Sistema. Ernesto José Péña Gonzalez (viola), Emily Andreina Molina Contreras (violino), Maria Fabíola Mora Sulbarán (flauta), Luis Andrés Moncada (violino), Aby Mariela Machado Méndez (viola), Franca Marcaro Ledezma (violino) estarão no palco do TCA neste domingo, regidos por Salazar, na grande homenagem ao maestro Abreu. Todos eles hoje vivem em Salvador e são integrantes efetivos do NEOJIBA.

Para Fabíola, que começou sua trajetória no El Sistema aos oito anos na turma de iniciação musical, estar no NEOJIBA é uma forma de multiplicar o legado do maestro Abreu. “Tive a oportunidade de conhecê-lo e certamente foi uma pessoa que me inspirou. Ele sempre estava nos núcleos pelo interior da Venezuela, inclusive no da minha cidade. Aqui no NEOJIBA, como musicista multiplicadora, eu sinto que posso ajudar mais crianças a ter a mesma oportunidade que eu tive”, conta.

Além dos músicos, a professora Elisa Rangel Hill e o luthier Carlos Ramos integram a equipe pedagógica do NEOJIBA. Os dois são venezuelanos e começaram suas trajetórias no El Sistema. “Em Caracas, eu tive a oportunidade de aprender a tocar trompete e me formar como luthier de instrumentos de sopros. Fico feliz de poder trazer esses conhecimentos para ajudar ao NEOJIBA a se desenvolver”, conta Carlos que, desde fevereiro 2018, coordena a lutheria de sopros, no Atelier Escola de Lutheria, em Salvador.


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