Crianças apresentam O Grande Circo Clássico em suas comunidades

  • 27 nov, 2017
A alegria do circo contagiou os moradores de São Tomé de Paripe e do Alto do Tororó, na última quinta (23) e sexta (24) de novembro. Ambas as comunidades receberam as edições compactas do espetáculo O Grande Circo Clássico, que marcou o encerramento do primeiro ano do projeto de Iniciação Musical na região do Subúrbio Ferroviário de Salvador. A estreia do espetáculo ocorreu no Teatro Castro Alves (TCA), dia 21. A iniciativa é um projeto especial do NEOJIBA que contou com patrocínio da empresa M. Dias Branco, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Uma orquestra, um coral, um maestro e uma palhaça, que roubou a cena ao tentar reger o concerto. O resultado da versão didática do O Grande Circo Clássico não poderia ter sido mais divertido. A plateia, formada por mães, pais e moradores das comunidades, gargalhava toda vez que Fuscalina Cabeluda tentava subir ao palco. Interpretada pela atriz Viviane Abreu, a palhaça participou das três edições do espetáculo. “Esse projeto é singular e muito precioso. Valoriza a comunidade e fomenta novos ideais nas crianças, que trazem novas perspectivas para o universo em que vivem”, observa a atriz. A satisfação estava estampada no rosto de Marília Araújo, mãe de Thalia Carvalho. Ela e a filha são moradoras da comunidade do Alto do Tororó. Desde maio, Thalia participa do projeto de Iniciação Musical do NEOJIBA. “O espetáculo foi muito bem feito. Me senti orgulhosa em ver minha filha no palco pela primeira vez. Ainda mais em um dos melhores palcos de Salvador, que é o Teatro Castro Alves”, afirma Marília, que assistiu às três edições do concerto. Até quem estava assistindo pela primeira vez apreciou a apresentação. Foi o caso de Roselita Neves, que assistia ao concerto a convite de uma amiga. “Sempre vejo apresentações acontecendo em outros bairros de Salvador, mas aqui é a primeira vez. Este espetáculo é ainda mais especial, porque são as crianças daqui da comunidade que estão atuando. Estas crianças são o nosso futuro. Se eu pudesse colocaria meus filhos para participar deste projeto também”, afirma. A experiência também foi impactante para os músicos da Orquestra Castro Alves (OCA), pois eles tiveram a oportunidade de conhecer outras realidades. Matheus Alves, 17, é violista da OCA há um ano e já conhece o dia a dia de uma orquestra. Ele acredita que tocar no TCA foi uma oportunidade ímpar para as crianças. “Muitas delas estavam chorando antes do concerto, pois nunca tinham ido a um teatro ou um circo, nem sequer saído do bairro. Com certeza esse momento ficará marcado na vida delas, como ficou na minha tocar no NEOJIBA”, conta Matheus. As crianças estavam muito empolgadas e com muitas expectativas. Entre elas, Valnei Santos, 12, morador do Alto do Tororó. Animado por se apresentar no próprio bairro, distribuiu o programa do concerto a todos que chegavam para assistir. “Eu amei o NEOJIBA. Gostei das aulas de canto, melhorei minha voz. Achei ótimo. Me emocionei muito na apresentação no Teatro Castro Alves. Muitas pessoas nos aplaudiram”, conta. De acordo com o maestro Marcos Rangel, responsável pela direção artística do espetáculo, o concerto no Teatro Castro Alves foi uma oportunidade para ampliar o horizonte das crianças. “Isso é inclusão social. É colocar em prática o lema do NEOJIBA ‘Lugar de plateia é no palco’. Levar crianças da comunidade para subir no melhor palco de Salvador. O impacto disso é que hoje vários meninos e meninas já me perguntaram como faz para tocar em uma orquestra, coisa que seis meses atrás eles não conheciam”, afirma o regente. Os concertos didáticos nas comunidades foram uma forma de devolver aos moradores de São Tomé de Paripe e Alto do Tororó toda a confiança depositada na equipe do NEOJIBA ao longo do ano. “Trazer esse evento para uma comunidade quilombola, próximo ao Dia da Consciência Negra, é algo único. Estamos cumprindo nosso papel social e musical”, afirma Rangel.

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