Luthiers visitantes aprimoram trabalho do Atelier Escola de Lutheria do NEOJIBA
- 29 dez, 2016
O momento de expansão do NEOJIBA, que em 2016 criou quatro novos Núcleos de Prática Orquestral e Coral, reflete no trabalho do Atelier Escola de Lutheria (AEL) do programa. Todos os instrumentos, antes de chegarem na mão das crianças, adolescentes e jovens nos Núcleos e nas formações orquestrais, passam por reparos e ajustes no AEL. Para auxiliar os 17 luthiers e aprendizes, o Atelier recebeu este ano a visita do luthier de cordas, o suíço André-Marc Huwyler, e do luthier de metais Damian Tschopp, que trabalhou com o Programa pela primeira vez. A visita fez parte das ações das Academias do NEOJIBA, que contaram com o apoio do Ministério da Cultura através da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
“Eu conheci o NEOJIBA através de Beat Zurkinden (luthier de sopros) e acho um projeto maravilhoso. O fato de trabalhar com crianças é um objetivo muito lindo. O trabalho que estou desenvolvendo consiste em enxergar as coisas mais importantes que precisam ser feitas e dar prioridade a elas. Além de ensinar algumas técnicas para os aprendizes, Ismael Santos e Fábio Teixeira. Essa parte é importante: ensinar a ensinar. Quando tem um problema que é difícil de resolver, eu mostro como se faz e se daqui há duas semanas chegar outro instrumento com o mesmo problema, eles serão capazes de resolver sozinhos”, conta Damian.
Ismael Santos é membro fundador do NEOJIBA e sempre se interessou pela lutheria. “Como toco trombone, eu queria aprender mais sobre o instrumento, como desempenar a vara do trombone, saber como eu poderia trocar a mola, fazer ajustes”, conta Ismael. Junto com Fábio Teixeira e André Leite, foram aprendendo de maneira autodidata e então o NEOJIBA proporcionou capacitações com profissionais. “Luthier de sopros em Salvador é uma coisa rara. Dificilmente vemos alguém que trabalhe com isso”, afirma ele.
Ismael considera que a visita de Damian foi muito importante. “Nos surpreendemos, pois mesmo sem ferramentas novas, aprendemos muito com ele. Ele passou algumas manobras, aperfeiçoamos algumas coisas. Com o tempo, a excelência do trabalho cresceu. Aprendemos outras formas de fazer as tarefas: limpeza do instrumento com ácido, desempenar a vara do trombone etc. A experiência que ele trouxe foi muito importante para ajudar no nosso trabalho”, revela.
Já André-Marc fundou o Atelier Escola de Lutheria em 2009 e capacitou os primeiros luthiers, que hoje também ensinam o ofício a outros aprendizes. Desde então, André-Marc faz visitas regulares. “Quando chego aqui meu trabalho é ver e avaliar o desenvolvimento que cada um teve e, tentando deixar para eles um plano que eles possam seguir. A prática de produção aqui é diferente. Temos que trabalhar e ensinar outras pessoas ao mesmo tempo. Como a demanda de produção é muito grande, essa pressão acaba atrapalhando um pouco o ensino”, revela André-Marc.
“Estou muito contente de poder colaborar com o NEOJIBA. Eu considero a equipe como uma pequena família”, declara o luthier. “A presença de André-Marc e Damian aqui é muito importante, porque são os melhores dos melhores ensinando em um lugar que não tem referência de lutheria”, afirma David Matos, primeiro aluno de André-MArc no NEOJIBA e atual coordenador pedagógico do AEL.