"Quando eu penso no NEOJIBA, eu penso em família"

  • 27 ago, 2016
Muito além da música, o NEOJIBA assume o compromisso de contribuir para que os seus integrantes enriqueçam como seres humanos. Programa prioritário do Governo da Bahia, o NEOJIBA está vinculado à Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social, o que dar a possibilidade de ajudar a garantir atendimento integral aos jovens dos seus núcleos orquestrais no estado. O Desenvolvimento Social (DS) é o setor responsável por acolher e apoiar o crescimento pessoal dos integrantes. Em mais uma postagem da série semanal sobre este trabalho realizado pelo NEOJIBA, conheça um pouco da história de Beatriz Dias Ferreira, 20 anos, violinista da Orquestra Juvenil da Bahia. Ela é uma das integrantes que está com a principal formação do NEOJIBA na Turnê Europa 2016. BEATRIZ DIAS FERREIRA, 20 anos, violinista da Orquestra Juvenil da Bahia Eu sou Beatriz, faço parte da Orquestra Juvenil da Bahia e moro aqui perto do Teatro Castro Alves, no bairro do Garcia. Estou no NEOJIBA desde 2014. Eu era de um projeto musical de Porto Seguro, quando recebemos a visita de um quarteto formado por músicos do NEOJIBA. Era uma coisa nova, recebemos aulas, foi super empolgante. Depois, eles retornaram com um grupo bem maior para uma Turnê pela região do Extremo Sul da Bahia. Quando eu vi aquela orquestra, que eu sempre via pela televisão, eu falei nossa, que lindo! Eu vou fazer parte desta orquestra. Foi uma conquista, cada repertório era uma vitória, porque eu cheguei aqui em um nível bem abaixo do grupo que já tocava em Salvador. Então foi na raça e na coragem. Mas eu consegui, eu me inscrevi na audição para a Orquestra Castro Alves (formação musical do NEOJIBA) e passei. Foi uma experiência incrível, fizemos a Turnê Nordeste em 2015. A experiência, a convivência, foi um aprendizado surreal. E agora, poder estar na Orquestra Juvenil da Bahia, é a realização de um sonho. ‘O instrumento é que escolhe o músico’ Meu primeiro contato com a música foi com o canto. Eu nasci e fui criada Evangélica e eu cantava na igreja quando era criança. Entrei no projeto lá de Porto Seguro, através do coral infantil. Nos horários do coral, a gente via os instrumentos sinfônicos disponíveis para outras crianças. ‘Professor, queria muito aprender um instrumento’ - ele era professor de flauta - e perguntou: ‘qual o instrumento que você gostaria de aprender?’ e eu disse: ‘violino e flauta’. Ele respondeu: ‘faça um teste no violino. Se não der certo, você vai para a flauta. Porque não é o músico que escolhe o instrumento, o instrumento é que escolhe o músico’. Desde então, tem sido um aprendizado todos os dias. Ainda mais agora que, em 2015, eu passei na universidade. Estou fazendo bacharelado na UFBA em Violino. Então, tem que ter dedicação, horas de estudo diárias. Sou a primeira pessoa da minha família a entrar numa universidade federal para poder fazer o que eu gosto: música. Não só tocando, às vezes eu canto. Eu acho que a música é estar onde tem som, onde tem silêncio, então tudo faz parte. História familiar Eu sou filha de um mineiro e uma baiana. Meu pai é de Almenara, interior de Minas, e meu pai teve uma infância muito difícil, ele só estudou até o primário. Minha mãe teve uma infância melhor, mas ela só estudou até o Ensino Fundamental e não chegou a concluir. Eles sempre foram muito incisivos com relação a: ‘você tem que estudar, se você quiser ser alguém. Conhecimento é a única coisa que ninguém vai tirar de você’. Então meus pais se abdicaram de muitas coisas. Eu sou a filha mais velha de quatro filhas – todas são mulheres. Meu pai é taxista e minha mãe faz faxina duas vezes na semana para ajudar em casa. Minha irmã mais nova tem três anos, então ela tem que estar presente na educação da minha irmã. Eu sei como isso é importante, porque minha mãe me deu essa atenção também. Meu pai trabalha em Porto, uma cidade turística, e ele como taxista só tem rendimento quando é alta estação, ou seja, verão. Então há meses em que a situação fica bem crítica em casa. Tem dias que ele faz corridas, tem dias que ele não faz. O carro não é dele, então ele ganha por comissão. Foi difícil conseguir comprar uma casa. Quando nós saímos de Minas Gerais, estava tendo muitos deslizamentos. Nós tivemos que sair de nossa casa porque ela ficava do lado de um morro. Foi em 2013. Meu pai estava desempregado quando a gente chegou à Bahia. Ele começou como cozinheiro, depois virou chefe de cozinha. Mas depois a empresa de hotelaria faliu e ele teve que procurar outra forma de remuneração, que foi o taxi, onde ele está até hoje. Eu vejo como é difícil. ‘Quando eu penso no NEOJIBA, eu penso em família’ Estou em uma universidade, primeiramente, graças a minha família, meus professores lá de Porto Seguro e, consequentemente, o NEOJIBA que me deu uma alavanca de crescimento e essa oportunidade de eu estar em Salvador e poder entrar numa universidade como a UFBA. Quando eu penso no NEOJIBA, eu penso em família. Porque eu estou longe da minha família. Minha família mora a 700 quilômetros, quase 800. Então, sempre quando eu preciso de alguma coisa, eu recorro à área de Desenvolvimento Social do programa. E, quando eu não recorro, elas (Joana e Tancir) sempre dizem “E aí, como você está? Está tudo bem? Precisa ir ao médico? Está conseguindo pagar o aluguel, está tudo certo?” Isto sempre me ajuda. No início, quando eu cheguei aqui em Salvador, eu era muito ansiosa, ainda sou um pouquinho. O setor de Desenvolvimento Social sempre conversou comigo, com calma. Eu sempre as ouvi. Então teve essa troca. Eu me sinto muito acolhida.

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