“Será minha primeira vez no palco do Teatro Castro Alves”. Essa foi a frase que mais se ouviu pelos corredores do principal teatro da Bahia no último domingo (3 de Julho). Integrantes de quatro filarmônicas do interior do Estado estiveram em Salvador para um encontro com o NEOJIBA. Para a grande maioria foi a primeira vez, e o nervosismo e a ansiedade se misturavam à alegria pelo momento – marcante na vida de qualquer músico. Atrás do palco, a movimentação dos cerca de 200 músicos que se apresentaram foi intensa. Com os instrumentos em mãos, eles ensaiavam os últimos detalhes das partituras. Afinal todos queriam fazer uma bela apresentação para o público que foi prestigiar o encontro. “Nós vivemos em um interior muito pequeno e essa oportunidade de tocar no palco do TCA deixou os músicos muito empolgados”, contou Egberto Paixão, regente da Filarmônica 4 de Janeiro, que expressa o sentimento de todos os participantes. O evento do último domingo reuniu a 4 De Janeiro, da cidade de Itiúba, e também as filarmônicas Minerva Cachoeirana (Cachoeira), Guerreiros do Sol (Dias D'Ávila), a Banda da Escolinha da Filarmônica 25 de Dezembro (Irará), além de duas formações musicais do programa NEOJIBA: a Banda Sinfônica da Paz (do Núcleo Bairro da Paz) e a Banda Sinfônica do NEOJIBA. A apresentação na Sala Principal do TCA ocorreu à tarde. Suíço Baiano Pela manhã, os músicos tiveram aulas com monitores do programa e também com o trompetista suíço Gerard Metrailler.  O músico, que também é professor da Escola Superior de Música de Genebra, atua há oito anos como professor da Academia do NEOJIBA.  Vinícius Santos, de 17 anos, foi um dos músicos das filarmônicas que teve aulas de trompete com Gerard. “A experiência não poderia ter sido melhor. A segurança e confiança que ele nos passou foram de grande importância”, conta o integrante da Minerva Cachoeirana. “Depois dessa oficina eu fiquei muito animado para estudar, porque além de nos passar ótimas dicas e exercícios, Gerard é um grande motivador”, revela Vinícius. Gerard Metrailler foi o convidado especial do encontro.  Além das aulas, atuou como solista numa composição de Alana Rana, trompetista da Banda Sinfônica do NEOJIBA e da Orquestra Juvenil da Bahia, dedicada ao trompetista suíço. Nascida na cidade do Senhor do Bonfim e criada em Itiúba, interior da Bahia, Alana iniciou seus estudos no trompete em 2009, na Filarmônica 4 de Janeiro. Hoje é estudante da Escola de Música da UFBA. “Ter aulas com Gerard é um aprendizado e tanto, pela sua larga experiência! Ainda mais para mim que vim de filarmônica e raramente havia um professor do meu instrumento para ministrar aulas”, conta Alana sobre a relação de admiração com o homenageado. Ao final da execução de “Suíço Baiano”, nome da obra, o solista fez questão de cumprimentar no palco a compositora. Aproximação O encontro de domingo foi promovido pela Federação das Bandas Filarmônicas da Bahia (FEBAF) e o NEOJIBA, com apoio do Teatro Castro Alves, Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB) e Instituto Anísio Teixeira (IAT). No palco, representantes de todas as entidades ressaltaram a importância dessa aproximação entre o NEOJIBA e as bandas filarmônicas. “É importante para nós estar aqui hoje. A abertura das portas de uma sala tão importante como a do Teatro Castro Alves é fruto de um trabalho intenso que nós realizamos. Atualmente temos cerca de 180 sociedades filarmônicas registradas e que dão aula de graça para a população. Então, essa parceria com o NEOJIBA e a FUNCEB tem o objetivo de somar oportunidades”, afirmou Gerry Andrade, presidente da FEBAF. Fernanda Tourinho, diretora da FUNCEB, destacou a importância das filarmônicas para a cultura do Estado. “Hoje tivemos uma tarde plena. Ações como essa nos revelam a dimensão da riqueza cultural da Bahia. A FUNCEB vem discutindo com a FEBAF e o NEOJIBA sobre o futuro das filarmônicas, que são instituições centenárias e célula base para a educação musical na Bahia.”, afirmou. A diretora também lembrou as ações que a Fundação realiza para promover as bandas: “Trabalhamos no projeto de fomento às filarmônicas e algumas já receberam recursos para compra de instrumentos. No segundo semestre, entregaremos a casa que vai ser a sede da FEBAF e o site que vai abrigar o conteúdo de todos os grupos. São ações que irão oferecer grande visibilidade às bandas”. Representante do NEOJIBA, Helder Passinho Jr. destacou o respeito que o Programa tem pelas bandas no interior do Estado. “Nós do NEOJIBA temos a intenção de criar uma relação de união e de trabalhar junto com as Filarmônicas, porque sabemos que elas são uma grande escola de música e nós temos a mesma missão, que é a transformação social por meio da prática coletiva de música”, afirmou Passinho, que também regeu a Banda Sinfônica do NEOJIBA.