Concerto da Orquestra Juvenil de Feira de Santana lotou teatro Amélio Amorim

  • 13 jun, 2016
Mais de 100 crianças, adolescentes e jovens apresentaram o concerto Músicas Brasileiras
Girleide Oliveira, 23, viaja todos os dias mais de 50 km, da zona rural de Irará até Feira de Santana, para as aulas, ensaios e monitoria do Núcleo Antônio Gasparini do programa NEOJIBA. Filha de lavradores, ela é uma das integrantes da Orquestra Juvenil de Feira de Santana, que apresentou ontem (12) o espetáculo Músicas Brasileiras. Clarinetista originária da Filarmônica de Irará, Girleide acredita que vale a pena a viagem diária de mais de uma hora para poder vivenciar momentos como o de ontem. O teatro do Centro de Cultura Amélio Amorim, em Feira de Santana, precisou de cadeiras extras para atender ao público que foi prestigiar a orquestra, o coral do bairro George Américo e o Grupo de Flautistas do Centro de Referência e Assistência Social (Cras), do bairro Rua Nova, totalizando mais de 100 artistas no palco. Antes de iniciar o concerto, Girleide contou que é a única filha que seguiu a estrada da música. “Tenho um irmão que toca sanfona, mas ele é pedreiro de profissão, uma irmã estudante de Pedagogia, e a irmã mais velha trabalha na lavoura, como meus pais. Meus pais vivem da colheita, plantam mandioca, milho, amendoim, feijão. Eu fui criada assim, na roça, e aprendi que se você tiver força de vontade com o que você gosta de fazer, você consegue viver daquilo que gosta, e tudo tem seu valor. Hoje eu já vivo da minha música”, contou a estudante do curso superior de Licenciatura em Música da UEFS e também professora de música. Já a família Santa Clara Magalhães faz da música uma história comum. Ilma Santa Clara Magalhães, 43, se orgulha de ter três dos seus sete filhos integrantes da Orquestra Juvenil de Feira, além de ter proporcionado a vivência da música para os sete. “Para mim é motivo de muita honra. Nós sabemos que quando uma criança ou um jovem se volta pra música, eles vão se livrar de muitas coisas ruins que podem levar o jovem para o mundo do crime. A música desperta nos jovens uma paz e o desejo de andar no bom caminho. Eu tenho observado que a cada dia que eles se predispõem a estudar, a se dedicar todos os dias à monitoria, a ensinar crianças, eu os vejo ocupando o tempo com algo muito valoroso. Eu só tenho a agradecer esse projeto que me ajudou a educar os meus filhos”. O filho mais novo de Ilma no programa é o Matheus Santa Clara dos Santos, 16 anos, que toca fagote. “Um instrumento desse é muito caro, eu não teria como comprar. O NEOJIBA disponibiliza muita coisa para nós, qualquer necessidade que temos para nosso estudo, eles nos auxiliam. Eu já vivi muitas oportunidades na música com o NEOJIBA”, contou Matheus. Maestro Um dos grandes responsáveis pelo belíssimo resultado visto no concerto de ontem é o maestro Gileard Teixeira, que coordenou o Núcleo de Trancoso no período de sua implantação, assim como o de Feira de Santana. “Procuramos os músicos que já existiam na cidade para começar a formação de outros músicos e iniciamos assim a primeira orquestra da cidade. Em Feira de Santana, a gente atua nos bairros Cidade Nova, George Américo e Rua Nova, estes últimos contam com Base Comunitária de Segurança, juntamente com a Polícia Militar. As crianças e jovens se sentem mais realizados como cidadãos, passam a ter uma forma de agir diferente, porque eles se sentem pertencentes ao grupo, isso é muito importante na formação deles”, explicou o coordenador, que ontem fez seu concerto de despedida do Núcleo Antônio Gasparini e passará a assumir novas responsabilidades dentro do programa. O gerente pedagógico do NEOJIBA, Fabien Lerat, prestigiou o concerto e reforçou que “cada nova orquestra é um desafio; é criar uma coisa que não existe. Todos estão de parabéns”, disse. Outro grande responsável pelo acontecimento é o professor Eduardo Brito, diretor do Instituto Antônio Gasparini, localizado no bairro da Cidade Nova. A entidade é parceira do programa NEOJIBA no desenvolvimento do trabalho em Feira de Santana, que beneficia mais de 100 crianças, jovens e adolescentes nos três bairros. “No George Américo, são 50 alunos de coral e iniciação musical. No bairro Rua Nova, 25 pequenos flautistas, além da orquestra, que atualmente conta com 25 integrantes. Vamos iniciar parceria com uma escola estadual para ensino de instrumentos de cordas para mais 25 alunos, que podem vir a ser inseridos na orquestra”. A expansão do NEOJIBA é uma determinação do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS), que entende o programa como uma estratégia para chegar nas áreas de maior vulnerabilidade e violência. “Feira de Santana é um exemplo disso. A gente tem conseguido chegar nos bairros mais carentes, com maior índice de violência, e fazendo um belíssimo trabalho. A equipe tem se desdobrado, é uma equipe comprometida e que gosta do que faz. Tem tido o respaldo da própria Polícia Militar. As Bases Comunitárias de Segurança têm abraçado essa proposta, tem tido o apoio das organizações não governamentais, isso tudo facilita. É a sociedade toda reunida em um só projeto. Hoje vimos crianças de seis anos já interagindo em um palco, cantando, felizes, e as famílias presentes. O importante para a gente é trazer não somente as crianças, mas a família, e mostrar outras alternativas, outras possibilidades, outros sonhos, despertar novos desejos”, relatou Ana Vilas Boas, assessora técnica da SJDHDS. Núcleo ANTÔNIO GASPARINI – Feira de Santana Criado em Julho de 2014, é o resultado da parceria entre o Instituto Antônio Gasparini (IAG) e o programa NEOJIBA. Atende cerca de 150 crianças, adolescentes e jovens, de 06 a 29 anos, nos bairros Rua Nova, Cidade Nova e George Américo, no município de Feira de Santana. Entre os destaques do Núcleo estão a Orquestra Juvenil de Feira de Santana e a qualificação de jovens monitores para atuarem como multiplicadores, através do projeto NEOJIBA nos Bairros, com o objetivo de promover a integração e o desenvolvimento social através da música. O Núcleo Antônio Gasparini conta com o patrocínio da Vivo e do Governo do Estado da Bahia, através do programa FazCultura, e tem o apoio do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) de Feira de Santana. FONTE: ASCOM Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social

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