Quatro violinos e uma viola de plástico, feitos com canos de PVC, foram entregues às crianças

As crianças e adolescentes do Instituto Comunitário de Iniciação Musical Arteducação Alice (ICIMA) foram presenteadas com instrumentos musicais feitos de plástico na última quarta-feira (27) em Salvador. Os quatro violinos e uma viola foram entregues em ação realizada pelo NEOJIBA, resultado da junção de dois projetos: NEOJIBA nos Bairros e Orquestra Plástica.

O ICIMA funciona no Centro de Integração Familiar (CEIFAR), no bairro de Tancredo Neves. Fundado em 1999, a princípio surgiu como uma orientação musical nas Igrejas. Porém, em 2008, passou por uma readaptação. “Parecia que era uma ação de Igreja. E o intuito não é formar músicos, mas contribuir para o processo de formação infantojuvenil”, explica Jean Santos, coordenador do ICIMA desde sua fundação.

Atualmente o ICIMA tem cerca de 90 crianças e adolescentes cadastrados, porém, segundo Santos, o número de atendidos chega a 200. Ele explica que a vinculação com o instituto não é imposta. “Qualquer criança ou adolescente que tenha interesse pode participar das reuniões. O cadastro só é feito a partir do vínculo”, conclui Jean.

Além do núcleo que funciona no CEIFAR, o ICIMA possui outros espalhados pela região de Tancredo Neves: São Gonçalo, Bela Vista (na divisa com Arenoso), Santo Inácio, Palmeiras e Narandiba. Em cada uma dessas sedes, há entre 35 e 90 crianças, que têm contato com instrumentos de cordas, percussão, sopro e outros.

As crianças atendidas, ao se desenvolverem musicalmente, se tornam mobilizadores e compartilham o aprendizado. Sara Carolina, 13 anos, participa das reuniões do ICIMA há dois anos. “O que eu aprendi, eu passei”, afirma Sara, que toca viola e há um ano dá aulas de violão no núcleo de São Gonçalo.

Os instrumentos que as crianças aprendem a tocar, em grande maioria, são doações de escolas particulares, movimentos dos focolares (do italiano, “foco de luz”) e pessoas que simpatizam com a causa. “Os instrumentos doados pelo NEOJIBA serão usados da mesma forma como faria um agricultor, que sai procurando terrenos propícios e semeando. No nosso caso, semeando a música”, reflete o coordenador.

Para Sara, o primeiro contato com a viola de plástico foi maravilhoso. “Notei uma diferença de som. Com o instrumento de plástico a gente sente mais a música, com o de madeira a plateia ouve mais”, afirma ela. Gabriel Oliveira, 17 anos, é do núcleo do ICIMA de Tancredo Neves e também nunca tinha visto o violino de plástico. “Vou treinar bastante com ele”, assegura.

NEOJIBA nos Bairros

O projeto NEOJIBA nos Bairros foi criado em 2014 para incrementar as políticas de prevenção à violência nos territórios com Bases Comunitárias de Segurança em Salvador. O Projeto oferece oficinas, apresentações públicas, concertos didáticos, ações de formação de plateia, ensaios abertos e capacitações em diversas áreas. O apoio pedagógico oferecido às crianças, adolescentes e jovens contemplados com as ações do NEOJIBA nos Bairros é de responsabilidade dos jovens integrantes no Núcleo de Gestão e Formação Profissional (NGF) do NEOJIBA.

Orquestra Plástica do NEOJIBA

O projeto Orquestra Plástica busca desenvolver e difundir uma tecnologia social. A inciativa tem patrocínio da Braskem e do Governo da Bahia, via FazCultura. O projeto visa a capacitação jovens no ofício da lutheria e a criação de instrumentos sinfônicos de corda com canos de PVC para facilitar a iniciação musical a jovens de baixa renda. O protótipo continua em fase de aprimoramento e a Orquestra Plástica do NEOJIBA mantém o processo de pesquisa para redução de custo de produção e otimização da produção.

Programa NEOJIBA

Criado em 2007 como um dos programas prioritários do Governo do Estado da Bahia, o NEOJIBA (Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia) tem por objetivo promover o desenvolvimento e a integração social, prioritariamente de crianças, adolescentes e jovens em situações de vulnerabilidade, por meio do ensino e da prática musical coletiva. O NEOJIBA beneficia cerca de 4.600 crianças, adolescentes e jovens em todo o estado da Bahia. É uma ação da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (Justiça Social) e seu diretor fundador é o maestro e pianista Ricardo Castro.