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Empoderamento e inclusão social através da música, a história da jovem Girleide

  • 07 mar, 2016
A música entrou na vida de Girleide Pereira de Oliveira aos 12 anos, a partir de um projeto de iniciação musical que chegou até sua escola. De lá pra cá, a prática instrumental se tornou o principal desejo na vida desta jovem, hoje com 23 anos, filha de uma família de agricultores que vive na área rural do município de Irará, no Estado da Bahia. “Eu enfrentei essa questão do preconceito porque não tem nenhum músico na minha família. Eu sou a única que segui a carreira de musicista. Eles acham que a música é algo para homem, porque você viaja e anda com muita gente diferente. Por isso, nunca me apoiaram. Eu enfrentei isso com meu desejo. Eu não me deixei levar pelas coisas que ouvi da minha família”, conta Girleide Pereira de Oliveira, clarinetista da Orquestra Juvenil de Feira de Santana e monitora de iniciação musical do Núcleo Antônio Gasparini, sediado neste munícipio baiano. A flauta doce marcou a entrada da menina Girleide no universo da música. Logo depois, aos 15 anos, entrou para a Filarmônica 25 de Dezembro, de Irará.  “Quando eu entrei, eu queria tocar saxofone. Mas a Filarmônica estava precisando de uma clarinetista, então eu comecei tocando esse instrumento”, conta a musicista. Dois anos depois, Girleide começou a tocar sax alto na Filarmônica. “É gratificante tocar numa Filarmônica. É um ambiente diferente, é outra forma de aprendizado. O músico é preparado para tocar dobrado, para participar de desfile na rua. Ele não vive um processo de aprendizagem mais profundo. Eu tive o privilégio de passar por um projeto de flauta doce, antes de tocar o meu instrumento. Mas nem todos os meus colegas da Filarmônica tiveram essa oportunidade”, rememora. A experiência na Filarmônica 25 de Dezembro foi tão marcante para Girleide que, quando chegou a hora de escolher um curso superior, ela escolheu mais uma vez a música. “Eu estou fazendo licenciatura na UEFS (Universidade Estadual de Feira de Santana). Eu conheci o NEOJIBA, através dos meus colegas da universidade. Eu me inscrevi para participar do programa para experimentar algo novo, ter novas oportunidades e para me aperfeiçoar na prática do meu instrumento”, conta. A musicista acrescenta que o NEOJIBA também lhe oferece a oportunidade de ministrar aulas para crianças. “Como estudante de música, o que eu mais desejo é passar o meu conhecimento, aperfeiçoar, não ficar só na teoria. Isso está sendo muito importante para mim como futura professora de música”. Girleide ressalta que a metodologia do NEOJIBA, que pratica o princípio Aprende quem Ensina, trouxe a ela uma visão mais ampla sobre o processo de ensino e aprendizagem. “É legal isso de você não guardar para si aquilo que você aprende. Eu gosto muito dessa filosofia do NEOJIBA. Eu aprendo muito com as crianças do bairro George Américo, onde eu dou aulas de iniciação musical. Os conhecimentos que eu trago da universidade são importantes, mas os conhecimentos que os meus alunos trazem são ainda mais importantes, porque cada um tem uma peculiaridade, uma informação. Eles não passaram pelo processo que eu vivo, mas eles têm muita informação que eu ainda não tenho. Então, estamos sempre trocando. Às vezes eu preparo um plano de aula, mas na hora que eu vou aplicar, um dos alunos apresenta uma sugestão. Se eu acho adequado, eu sigo a sugestão do aluno e sempre dá certo, porque as crianças se conhecem, têm a mesma idade, então eles me ajudam a encontrar a melhor maneira de ensinar algo”, conta a monitora do Núcleo Antônio Gasparini. Mais adiante, Girleide Pereira de Oliveira tem planos de se tornar maestrina. “Não sei se levo jeito, mas quero experimentar”, revela.  Para realizar este desejo, a musicista diz que precisa se esforçar mais e estudar muito, pois um bom regente precisa conhecer bem todos os instrumentos. Girleide reconhece que a maioria dos regentes das orquestras são homens. Mas este contexto não a intimida ou a faz recuar. “Rapaz, não sei se vou encontrar algum preconceito. Acho que sendo homem ou mulher, tudo vai depender da postura, do conhecimento e do respeito. Se você respeita as pessoas e os integrantes de uma orquestra também respeitam você, quando houver uma oportunidade de estar à frente, você será de fato respeitada. Depende também do meu esforço. Eu não quero ser maestrina se eu não tiver conhecimento suficiente para estar à frente de um grupo. Eu tenho que me esforçar muito mais ainda para chegar lá”, planeja.

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