NEOJIBA nos Bairros inicia atividades de 2016

  • 29 fev, 2016
As atividades de 2016 do NEOJIBA nos Bairros começam nesta segunda-feira, 29 de fevereiro. Neste ano, os monitores do NEOJIBA atuarão em 15 bairros: Paripe, Uruguai, Calabar, São Caetano, Fazenda Coutos, Tancredo Neves, Itinga, Águas Claras, Rio Sena, Periperi, Liberdade, Bairro da Paz, Nordeste de Amaralina, Santa Cruz e Chapada. As atividades serão quinzenais e realizadas em parceria com 13 projetos parceiros. Oficinas de musicalização com coral, iniciação musical, violão e instrumentos de cordas, metais e percussão, além de apresentações de membros do NEOJIBA, estão entre as ações do projeto. Ana Júlia Bittencourt coordena o NEOJIBA nos Bairros desde o inicio, em 2014. A soteropolitana, que é flautista e membro fundadora do NEOJIBA, respondeu às nossas perguntas.   Quais momentos foram mais marcantes em 2015 para o projeto NEOJIBA nos Bairros? A participação de integrantes do Projeto Arte é Vida, da Base Comunitária de Segurança do Bairro da Paz, na apresentação do Núcleo de lá, no dia 14 de dezembro, na Pupileira. Foi a primeira vez que as crianças atendidas pelo Arte é Vida se apresentaram com a turma do coral do Núcleo do NEOJIBA do Bairro da Paz. Foi também a primeira apresentação deles em um evento de grande porte – o concerto em comemoração ao aniversário da Santa Casa de Misericórdia – e o primeiro intercâmbio que realizamos com um Núcleo do programa. Outro momento marcante foi o ingresso de Edwan Carneiro – integrante do Projeto Primeiro Som, de Fazenda Coutos – no Núcleo de Gestão e Formação do programa. Brenda e Natasha, que hoje fazem parte dos Coros do NEOJIBA, também vieram de Fazenda Coutos. O bacana de Edwan é que ele passou a atuar no CDM (Centro de Documentação e Memória) como estagiário e também no Coral Juvenil do NEOJIBA. Ele é aluno de violino no projeto. Hoje, encontro com ele nos corredores do Teatro Castro Alves e o observo sempre curioso e interessado! A continuidade do trabalho de musicalização com canto coral no projeto UNJIRA-QUINÃ, no bairro de São Caetano, também foi um marco. No início de 2015, eles perderam o patrocínio. O projeto ficou desativado de fevereiro a abril. Graças ao nosso envolvimento e insistência, eles conseguiram retomar as atividades do projeto em maio. Durante o período em que interromperam as atividades, mantive contato com o coordenador local. Não só para ter informações sobre a turma, mas também para que de alguma maneira pudéssemos ser um estímulo. Deu certo! O UNJIRA-QUINÃ retomou as atividades com êxito. É um dos projetos que funcionam com melhor regularidade. Como iniciou o projeto NEOJIBA nos Bairros? O NEOJIBA nos Bairros começou no início de 2014. No começo foi um projeto de pesquisa de campo. Durante o primeiro semestre de 2014, realizamos reuniões nas bases comunitárias com as lideranças locais, para conhecer o trabalho de cada um e identificar o que acontecia em cada comunidade. Em agosto, levamos os integrantes dos projetos, com quem poderíamos colaborar, para assistir o concerto didático da OCA (Orquestra Castro Alves) no Teatro Castro Alves. Foi lindo porque todos puderam ir. O TCA ficou lotado e foi um concerto muito marcante. Em setembro, começamos as oficinas in loco. Os multiplicadores do NEOJIBA se deslocam até o bairro onde acontece o projeto parceiro, a fim de colaborar e apoiar as ações de formação musical que já são realizadas nas comunidades. O projeto NEOJIBA nos Bairros funciona em parceria com o programa Pacto Pela Vida, que desenvolve ações de prevenção e combate à violência em áreas de alta vulnerabilidade social. O projeto surgiu para colaborar com a sociedade priorizando áreas com a presença de Bases Comunitárias de Segurança. Estudamos várias formas de colaborar. Uma delas é através do multiplicador que oferece apoio pedagógico e musical ao projeto parceiro. Também convidamos os monitores dos projetos para participar de aulas que oferecemos no Teatro Castro Alves, como por exemplo, aulas de regência e linguagem musical. Como forma de promover o acesso e a difusão da cultura musical, levamos os grupos de câmara do NEOJIBA para realizar concertos didáticos nos bairros. Há um leque extenso de possibilidades de atuação. A nossa atividade permanente é a presença do multiplicador do NEOJIBA no local onde o projeto parceiro atua. Depois de um pouco mais de um ano de funcionamento, qual o balanço que você faz das atividades do NEOJIBA nos Bairros? O trabalho é belo, foi muito além da nossa expectativa. Foi criado um elo e uma cadeia de conhecimentos sobre a realidade de cada bairro. Hoje nós temos muitos integrantes do NEOJIBA que são oriundos desses bairros; essa parte social é muito importante. Eu recebo esse retorno dos gestores que nos agradecem e estão muito felizes com esses resultados. O objetivo do NEOJIBA nos Bairros é colaborar. É como uma colaboração horizontal... Sim, construímos uma via de mão dupla. Nós colaboramos e eles nos ajudam, mas sempre com a intenção de promover o crescimento do projeto parceiro no local. O que pudermos fazer para contribuir será feito, como por exemplo, através da manutenção e doação de instrumentos. Esses projetos possuem muitos colaboradores com perfil acadêmico e outros são policiais das bases. Logo, tudo que acontece só acrescenta. A questão da gestão também é importante. Em 2015, alguns gestores dos projetos parceiros participaram do Encontro de Gestores da Rede de Projetos Orquestrais da Bahia. A ideia é qualifica-los para gerir melhor os seus projetos. Esse trabalho é importante porque você cria autonomia ao oferecer informações sobre quais são as ferramentas para se inscrever num edital ou se tornar um ponto de cultura. Além dos jovens de Fazenda Coutos que você mencionou, existem integrantes desses projetos que entraram no Núcleo de Gestão e Formação Profissional do NEOJIBA? O NEOJIBA nos Bairros está nos territórios para apoiar, fortalecer e contribuir com o que já existe. Na Orquestra de Violões há muitos integrantes que vieram de projetos de música nos bairros. Apesar de integrarem uma formação musical do NEOJIBA, achei muito bonito o fato deles não terem abandonado os projetos nos seus bairros. Eles seguem a rotina da orquestra e nos outros dias estão nos projetos. Foi uma surpresa para mim, durante uma das visitas, observar um dos integrantes ajudando a monitorar os outros colegas. A Orquestra de Violões ofereceu a esses jovens um crescimento musical e o gestor do projeto no bairro ganhou um monitor. Isso é muito bonito: um menino com 13-14 anos ter essa consciência de ser um agente multiplicador no seu bairro. Que histórias de vida marcaram você durante esta gestão do projeto? Em Fazenda Coutos, há uma garota que tem uma história muito bonita. Ela nos expôs o desejo de aprender a tocar flauta. Durante uma apresentação no bairro, do Quinteto de Sopros, onde eu tocava, ela me chamou dizendo que me ouvir tocar mudou a vida dela. Disse que o que ela queria fazer era tocar flauta. Entramos em contato com a assistente social do bairro e disponibilizamos um monitor de flauta para ensiná-la, pois não havia uma turma de flauta transversal no projeto que ela participava. Funcionou muito bem. É muito bonito ver o crescimento humano. Pode ser que o jovem que toca, amanhã venha a estudar medicina ou outra coisa. Mas nós sabemos que todo o trabalho desenvolvido, através da música, foi muito importante. O NEOJIBA nos Bairros só veio para acrescentar, somar, transformar vidas através da música. É um projeto que pode estar em cada região da cidade, somando forças com outros projetos sérios feitos no sangue e no suor pelos seus gestores.

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