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“Eu dou, mas eu acho que eu recebo infinitamente mais em troca”, afirma Angela Amorim

  • 28 nov, 2015
Angela Amorim (à esquerda na foto), conhecida pelos integrantes do NEOJIBA como Lia, é psicóloga e trabalha como voluntária no programa. Há quatro anos faz parte da rede Amigos do NEOJIBA acompanhando e atendendo os integrantes da Orquestra Pedagógica Experimental (OPE) e suas famílias. Como parte da campanha ?#DiaDeDoar? que o NEOJIBA promove em 2015, compartilhamos o depoimento de Angela sobre a importância que esse trabalho tem para ela. Eu já conhecia pessoas que trabalham dentro do programa NEOJIBA, pessoas da minha família. Eu sou psicóloga e eles me propuseram ir conhecer o programa para talvez dar um suporte na minha área. Na verdade, eu não sabia direito como eu iria ajudar. Não foi uma proposta formal. Foi numa conversa que surgiu essa possibilidade. Na época, já gostava de trabalhar com adolescentes e queria fazer um trabalho com essa faixa etária. Eu trabalhava com uma ONG em Camaçari e quando surgiu a oportunidade de trabalhar com adolescentes e crianças, era tudo o que queria na vida. Foi bem legal, comecei há quatro anos, trabalhando quatro tardes por semana com os integrantes da Orquestra Pedagógica Experimental (OPE). Me ajudou muito porque foi justamente num momento que eu estava em uma reaproximação da minha profissão de psicóloga, e aprendi muito. Comecei observando as crianças, dentro da sala de aula, conversando com elas, conversando com as famílias quando necessário. Normalmente eu tenho contato direto com a coordenadora da OPE. Ela identifica algum comportamento, algum questionamento, e o meu trabalho é de ver com essa criança, tentar identificar com ela – muitas vezes com a criança sozinha, algumas vezes com a criança e os pais – o que está gerando esse comportamento disfuncional, essa ansiedade, angustia, para que a gente possa de alguma forma tentar resolver. Em muitos casos, identifico a questão da estrutura familiar. Tem estruturas familiares que são bem complicadas, que acabam transformando a criança. Separações que afetam também o aprendizado da criança. Eu busco identificar e orientar a criança. Às vezes sugero tanto para a família, quanto para a coordenadora da orquestra e para o setor de desenvolvimento social do NEOJIBA, que encaminhamento seria interessante fazer para a criança. Esse trabalho voluntário que faço no NEOJIBA me traz um aprendizado incrível. Não só em termos afetivos, de relação, mas um aprendizado como pessoa e como profissional. Eu trabalho num consultório de classe media, mas lá no programa é como se o problema tivesse muito mais intenso. Não tem como esconder. A violência, violência contra a criança também, essas questões aparecem de uma forma muito forte. Eu dou, mas eu acho que eu recebo infinitamente mais em troca. Em termos de aprendizado, contato com pessoas, pessoas de diferentes religiões, diferentes bairros de Salvador, historias de estrutura familiar, eu acho extremamente enriquecedor. Eu fico pensando... Na estrutura que a gente vive, nesse pais que a gente vive, eu acho que a gente precisaria de uma nova geração de pessoas moralmente mais corretas. A gente fica delegando muito, delegando às instituições, quando acho que é possível a sociedade fazer uma revolução. Uma revolução do dia dia. De você olhar e transformar o tipo de relação que você estabelece com as pessoas próximas, e também o tipo de relação que você pode fazer indo além da sua zona de conforto. Sair um pouco disso e transformar. É muito enriquecedor.

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