Força de vontade e persistência são termos que fazem parte da rotina do fundador da Associação Musicalizando o Sertão (AMUSE), Paulo Amorim. Membro da Rede de Projetos Orquestrais da Bahia, a AMUSE atende a dois projetos responsáveis por levar atividades de música orquestral para crianças e adolescentes de Remanso e Pilão Arcado, localizados no território de identidade do Sertão do São Francisco, e apesar de todas as dificuldades o músico segue mantendo vivas as atividades da associação. A Escola de Musica Municipal Hermes Teixeira de Freitas, ligada à Prefeitura de Remanso e o Projeto Cantando o Sertão, do SAET, de Pilão Arcado, beneficiam mais de 80 pequenos músicos a partir dos oito anos de idade. As atividades desenvolvidas por ambos os projetos contemplam a capacitação em instrumentos como violino, violoncelo, clarinete, flauta, trompete, trombone e a iniciação musical. Início - Além de fundador da Associação, Paulo, que iniciou sua trajetória na Escola de Musica, da qual, hoje é coordenador, diz que a força de vontade é um dos principais elementos que mantém a iniciativa viva. “Desde o início do projeto, há nove anos, os recursos financeiros sempre foram escassos. Na época, da saída do antigo coordenador, acabei tomando a frente das atividades, por ser o aluno com mais bagagem e qualificação”, relembrou Paulo. “No início, eu tocava sax e flauta, mas acabei tendo que aprender um pouco de cada instrumento para poder ensinar aos outros alunos”, relatou. Na casa alugada pela prefeitura de Remanso, mais de 50 jovens músicos ensaiam o repertório concentrado em peças populares, que sazonalmente apresentam em eventos promovidos por órgão públicos e apresentações realizadas em escolas do município. Em 2013, Paulo e os jovens Lucas Amorim e Adeilson Souza, da Escola de Música, vieram a Salvador onde realizaram um intercâmbio pedagógico que os capacitou à ministrar aulas, os dois agora são bolsistas do NEOJIBA. Além dessa visita, o grupo veio a Salvador em outras ocasiões para participar de encontros de gestão e seminários pedagógicos promovidos pelo NEOJIBA. “Hoje divido as atividades com Lucas e Adeilson que foram capacitados pelo NEOJIBA. Essa parceria foi imprescindível para que pudéssemos beneficiar mais jovens, afinal, nessa região não é fácil encontrar profissionais capacitados para ensinar música”, comentou. Associação - O trabalho desenvolvido por Paulo, o transformou em uma referência no ensino de música na região. Em 2011, os resultados desse trabalho chegaram ao conhecimento do coordenador do Projeto Cantando o Sertão, de Pilão Arcado, Jailson Ribeiro. À época, Jailson tinha conseguido comprar os primeiros instrumentos para o projeto, através de um edital de cultura. “Ele nos convidou para dar aulas lá em Pilão Arcado, contudo a logística não é fácil, ele custeia o nosso deslocamento, alimentação e hospedagem, por isso só conseguíamos realizar os encontros a cada 15 dias”, relembrou Paulo. “isso é muito ruim para os alunos, pois o progresso acaba sendo mais lento do que o esperado e muitos deles acabava perdendo a motivação”, contou. Motivados, porém pela vontade de vencer as dificuldades, Paulo e Jailson uniram esforços para coordenar ações de captação de recursos e promover a sustentabilidade dos projetos. “Nós compartilhamos informações sobre editais e parcerias, o NEOJIBA nos ajudou com uma consultoria para elaboração de projetos e captação de recursos, que foi essencial para o sucesso da nossa associação”, disse Paulo. “Esperamos que esse diálogo se fortaleça cada vez mais e as distâncias se tornem cada vez menores”, finalizou.