NPO SESI Itapagipe promove inclusão social através da música
- 03 out, 2015
O NEOJIBA conta com uma rede de seis Núcleos de Prática Orquestral e Coral (NPO) em Salvador e no interior do estado da Bahia. São iniciativas geridas em colaboração com uma rede de parceiros locais. No mês em que celebramos o aniversário de oito anos do programa, iremos apresentar a cada semana entrevistas e textos sobre importantes ações realizadas nos núcleos, que fortalecem a missão do programa de promover o desenvolvimento social através da prática coletiva da música.
Criado em setembro de 2011, o Núcleo de Prática Orquestral e Coral (NPO) do SESI Itapagipe é o maior núcleo em atividade do NEOJIBA. Cerca de 300 crianças e adolescentes da Península de Itapagipe são diretamente beneficiadas pela iniciativa. O Grupo Instrumental do CAIS é uma das formações que surgiram dentro desse núcleo. Os integrantes são pessoas com deficiência intelectual, que participam das atividades de iniciação musical oferecidas desde junho de 2012.
O NPO SESI funciona na Escola Comendador Bernardo Martins Catarino, que é uma das unidades educacionais do SESI em Salvador. O Núcleo é resultado da parceria entre NEOJIBA e SESI/FIEB. Nesta entrevista, Elizane Priscila Santana, coordenadora do NPO SESI Itapagipe, nos conta sobre esse trabalho de educação especial, através da música.
O que é o Centro de Apoio à Inclusão (CAIS) do SESI e como ele atua?
O CAIS acolhe pessoas com deficiências intelectuais e problemas de aprendizado, independente da idade. O centro oferece atividades de letramento e de psicomotricidade três vezes por semana e trabalha a convivência social. O objetivo é ensiná-los a se desenvolverem e se cuidarem sozinhos, sem dependência dos pais. Aqueles alunos já alfabetizados são encaminhados para o mercado de trabalho, pois existem várias empresas que contratam pessoas com deficiência intelectual ou outras deficiências. O CAIS também estimula a frequência à escola, buscando inclusão com seus pares. O Núcleo de Prática Orquestral e Coral (NPO) do NEOJIBA, que funciona dentro da unidade do SESI em Itapagipe, criou um grupo de percussão com as pessoas atendidas pelo CAIS. Um dos integrantes deste grupo participa do núcleo para além do trabalho musical. Ele atua como estagiário do NPO SESI Itapagipe. De manhã, ele participa das atividades de musicalização. À tarde, ele realiza diversas atividades de apoio ao núcleo.
Como é o trabalho que o NPO SESI Itapagipe realiza junto ao CAIS?
Nós atendemos 67 pessoas acolhidas pelo CAIS, com faixa etária entre 10 e 50 anos. Esse público participa das aulas de educação especial e está dividido em três frentes diferentes de trabalho.A primeira participa de aulas de musicalização, na qual usamos a música como meio para o desenvolvimento das habilidades de psicomotricidade e a inclusão social. Neste caso, com este público, nosso trabalho tem um objetivo fortemente social, porque o nível de comprometimento intelectual das pessoas dificilmente permitirá um trabalho orquestral como é o caso nos outros grupos do programa. O grupo instrumental do CAIS é formado pelos alunos com menor nível de comprometimento intelectual e conta com 20 integrantes. Este segundo é um trabalho que nos permite apresentar um resultado musical para a comunidade, por isso eles são convidados a realizar apresentações públicas. O terceiro grupo é formado por alunos que se destacaram e que participam da principal formação orquestral do NPO SESI Itapagipe, na qual estão os integrantes que não têm deficiências. Eles também fazem as aulas de prática orquestral em instrumento, dois deles estudam viola e um percussão.
O Grupo Experimental do CAIS trabalha com que tipo de repertório?
Trabalhamos com voz e percussão e um repertório que faz parte do universo do cancioneiro popular brasileiro. Grande parte dos alunos conhece essas músicas. O desafio é aperfeiçoar o que já está dentro deles. Trabalhamos com forró, ijexá, samba, samba-reggae... Ritmos da nossa cultura e que são facilmente reconhecidos.
E não há instrumento mais natural que a voz…
Exatamente. Queremos que eles sintam a música dentro do corpo. Do mesmo jeito a percussão, que é um instrumento que nos desperta um sentimento muito forte, porque reverbera dentro do corpo. Não queremos formar uma grande orquestra. Cada pequena conquista é um passo largo para cada um dos nossos alunos da Educação Especial. A participação dos dois alunos que tocaram viola, durante o concerto do dia 27 de setembro de 2015, na 1ª Semana Cultural Acessível no Espaço Xisto, é uma grande vitória! Nos permitiu desenvolver a psicomotricidade mais fina dos músicos. Eles se esforçam ao máximo. Além disso, foi a realização de um sonho deles tocar para o público. Para nós, foi o resultado de anos de trabalho, desde que iniciamos as aulas de iniciação musical no CAIS da unidade SESI Itapagipe.