Legado e festa: Filarmônicas na Bahia e intercâmbios musicais

  • 02 jul, 2015
É tradição que as Filarmônicas se reúnam em Salvador, no dia 2 de julho, para comemorar a independência da Bahia e do Brasil. Bandas de diversas cidades do interior do Estado irão participar do cortejo cívico, que se realiza no Largo da Lapinha até o Campo Grande, e é considerado Patrimônio Cultural da Bahia. Na ocasião desse encontro das Filarmônicas em Salvador, o NEOJIBA promove no dia 03 de Julho, aulas de flauta, clarineta, trombone, trompete e tuba para alguns dos músicos que participam do desfile. Esta iniciativa integra o conjunto de ações que a Rede de Projetos Orquestrais da Bahia desenvolve desde 2013, com o objetivo de fortalecer, articular e colaborar com Filarmônicas e projetos musicais no interior do Estado. “Nós temos hoje quatro músicos do Senhor do Bonfim que tocam no NEOJIBA. Eles estão sempre levando conhecimento para nosso município. Este intercâmbio e apoio possibilitam que a gente aprenda cada vez mais e se desenvolva” relata o Maestro Miranda¸ da Sociedade Filarmônica União dos Ferroviários Bonfinenses. História Uma parte representativa do patrimônio cultural da Bahia reside nas bandas filarmônicas; herança dos imigrantes europeus que se estabeleceram nas terras brasileiras. A etimologia da palavra “filarmônica” vem do grego antigo “philos” (amigo) e “harmonia” (ajuste, proporção certa, acorde de sons). No Brasil colonial, as bandas se chamavam “terços” ou “ternos”. Depois, se desenvolveram em bandas de barbeiros, que atuavam em festas comunitárias. Foi na primeira década do século 19, que os músicos começaram a criar uma estrutura organizacional para suas bandas, com uma diretoria eleita e estatutos. A filarmônica típica conta instrumentos de sopros (metais e madeiras) e de percussão e está regida por um mestre ou maestro. Tradicionalmente, ela toca um repertório de estilo militar, composto de dobrados e marchas, como também polacas, valsas, boleros e outros gêneros musicais, que chegaram ao Brasil juntos com os imigrantes europeus. Hoje, as filarmônicas costumam adaptar seu repertório de acordo com a ocasião. Os estilos são ecléticos, variam “da quinta sinfonia de Beethoven até um axé da Bahia”, comenta Armando Gerry de Andrade, conhecido como Maestro Gerry, da cidade de Irecê, que rege quatro Filarmônicas, entre elas a 19 de Setembro. Com frequência, as obras que constituem o repertório tradicional das filarmônicas fazem referência às pessoas, datas e acontecimentos importantes para a cidade. A data de emancipação do município também é usada para nomear bandas que atuam no interior do Estado como, por exemplo, a Filarmônica 2 de Janeiro, de Jacobina, ou a Lira 6 de Agosto, em Pé de Serra. As filarmônicas também cumprem um papel social na sociedade baiana. “A gente tem um respaldo muito grande na comunidade, porque exercemos certa influência no processo de formação da personalidade das crianças e do seu caráter”, explica o Maestro Gerry, a frente de quatro filarmônicas diferentes. “Dentro da filarmônica, nós defendemos a escola em primeiro lugar. Sabemos as notas dos músicos e acompanhamos sua frequência na escola. Além de tocar bem um instrumento, queremos que eles tenham conhecimento de vida, que sejam cidadãos de bem”, ressalta Maestro Miranda, da Sociedade Filarmônica União dos Ferroviários Bonfinenses.

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