Ópera barroca encerra terceira edição do Festival NEOJIBA Encanta

  • 01 set, 2021

A terceira edição do Festival Encanta terminou na sexta (27/7) com uma encenação minimalista do primeiro ato da ópera "Dido e Enéas", do compositor barroco inglês Henry Purcell. Foi a primeira vez que o Coro Juvenil do NEOJIBA teve contato com o gênero. A montagem completa da ópera estreará em outubro, durante as comemorações dos 14 anos do programa social do Governo da Bahia.

Durante nove dias, o festival promoveu apresentações, oficinas, palestras e ensaios abertos sobre canto coral com a participação de convidados do Brasil e do exterior. “O Encanta é o período em que o NEOJIBA coloca no foco da sua atenção a música vocal, a música coral, o canto, que é a coisa mais primordial na música. Temos feito grandes investimentos na formação dos nossos cantores- multiplicadores, trazendo grandes artistas e professores para cá”, afirmou o diretor musical do programa, Eduardo Torres.

Os eventos foram transmitidos ao vivo pelo Facebook e pelo Youtube do NEOJIBA, onde permanecem disponíveis na íntegra. O Encanta é uma iniciativa viabilizada através da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério do Turismo e Governo Federal. O Festival é também uma ação do Governo do Estado da Bahia e conta com o patrocínio da Solar Coca-Cola.

Um dos destaques da programação foi a palestra do maestro argentino Leonardo García Alarcón, uma das maiores referências em música barroca na atualidade. Ele relembrou de modo apaixonado seu primeiro encontro com a ópera "Dido e Enéas" e defendeu que não existe música antiga. "A música é sempre contemporânea. Por isso, é importante que os compositores atuais entendam que não existe sua linguagem pessoal, que só vá ser entendida no futuro. A ópera é uma arte popular, que tem que atrair a maior quantidade possível de pessoas".  Entre os muitos conselhos, Alarcón incentivou os jovens músicos a transformar seus problemas em arte e a deixar um pouco de lado o celular. "Se o celular ocupa o tempo da leitura, de escutar música, estamos vivendo uma tragédia. Se alguém te abandonar, vá ler um livro, vá buscar uma ópera. O tango e o fado existem porque sempre houve dor. Vá transformar as emoções em arte. Que o choro se transforme em música".

Outro bate-papo enriquecedor foi o encontro com a educadora baiana Carmen Mettig, que levou ao Encanta sua experiência com a pedagogia Willems, criada pelo professor belga Edgar Willems, com quem Carmen estudou. "Ele vê a música como um elemento para a educação humana. Acredito muito neste método porque ele tem uma progressão. Não é um pedagogo que dá modelinhos de atividade, ele dá uma progressão para você chegar do zero musical e ser um musicista”.

 

Oficinas

Para se prepararem para a encenação do primeiro ato de "Dido e Enéas", os integrantes do Coro Juvenil participaram de oficinas de interpretação cênica e vocal com o diretor teatral Márcio Meirelles e a cantora lírica Marília Vargas, que já tinham colaborado em outras edições do Encanta. Desta vez, eles estiveram presencialmente no Parque do Queimado, seguindo todos os protocolos vigentes de segurança. "Sempre é lindo trabalhar com o pessoal. É importante esses jovens se apropriarem de uma coisa que é patrimônio do mundo, que é a ópera. É uma forma teatral e musical complexa, bonita, forte. Parece uma coisa antiga, de outro lugar, mas é nossa. Estamos discutindo o poder, o papel da mulher, das relações. É uma história que tem muito a ver com o nosso tempo", disse Márcio, que também comandou os ensaios abertos ao lado da maestrina Lucie Barluet.

Marília ficou feliz por acompanhar o crescimento dos integrantes e falou sobre a importância do Encanta e do NEOJIBA: "A música coral está na base de tudo. Um festival como esse é fundamental, é uma iniciativa incrível. Espero que se prolongue por muitos e muitos anos e só cresça. E o NEOJIBA é um exemplo para todo mundo. É um orgulho gigante trazer um pouquinho do que sei. Vou ver sempre muito grata pela oportunidade de estar aqui e de beber dessa fonte também. Porque tudo é uma troca. A gente traz, mas a gente também recebe. Isso é o bonito da música".

Integrante do Coro Juvenil, Eliedson Assis, 24, participou das três edições do festival. Apesar das mudanças impostas pela pandemia, ele garante que a musicalidade e a energia continuaram as mesmas. "O primeiro foi uma experiência ímpar, com a participação de coros e maestros de outros estados e países. De lá para cá, os festivais foram online para o público, mas a energia não se perdeu. A gente continua com a mesma musicalidade, o mesmo ritmo. Isso que importa. Esse ano, a gente conseguiu retomar a vivência coletiva do coro, estar junto para fazer música. A gente consegue enxergar um mundo de possibilidades".

Lucie Barluet, coordenadora de canto coral do NEOJIBA, acredita que as três edições do Festival Encanta conseguiram manter a riqueza dos encontros, sejam elas presenciais ou à distância.  "É muito lindo ver como a gente continuou, mesmo depois da pandemia, com muitos convidados legais. São momentos de muito aprendizado, muita troca. A gente consegue manter viva a importância do canto coral na Bahia, no Brasil e no mundo".

 

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